Quem passou pela rua Sapucaí há alguns dias atrás com certeza notou algo diferente por lá.

Sentadas em cadeiras de praia junto à calçada ou na amurada que dá para a Praça da Estação, várias pessoas observavam o skyline belo-horizontino ou simplesmente curtiam o clima de descontração que tomou conta do local.

O skyline belo-horizontino visto da rua Sapucaí – Foto do autor

O foco eram as fachadas já gastas de alguns prédios que aos poucos iam ganhando novas cores, nova vida, graças a alguns muralistas, que dependurados a dezenas de metros de altura se desdobravam para mostrar o seu trabalho.

Enquanto os belo-horizontinos Priscila Amoni e Thiago Mazza retratavam a mulher negra e a eterna luta entre galo e raposa, respectivamente, e a dupla cearense Robézio Marcs e Tereza Dequinta mostrava “o surrealismo em figuras fantásticas”, a espanhola Marina Capdevilla homenageava com suas alegorias o carnaval brasileiro.

O surrealismo dos cearenses Robézio Marcs e Tereza Dequinta – Foto Jair Amaral / Estado de Minas DA Press

Era o CURA – Circuito Urbano de Arte, que movimentou a cidade no período de 26/07 a 06/08 e no domingo (06/08) fechou a Sapucaí para a festa de encerramento, com a presença do pessoal ligado ao projeto, inclusive os muralistas participantes, e da população em geral.

O evento veio mostrar que a rua Sapucaí, que já se tornou referência em gastronomia e arte alternativa, é também um local privilegiado para se observar a cidade, um mirante natural que precisa ser melhor explorado.

E para atrair o público, volto a insistir, é preciso impedir o trânsito de veículos no local e transformar a rua Sapucaí em área de lazer (veja aqui o artigo que escrevi sobre o assunto).

Sei que muita gente irá alegar que o trânsito vai piorar, que a rua é um importante corredor de tráfego, etc., etc.

Eu, particularmente, acho que está passando da hora de deixarmos de lado os automóveis e priorizarmos o pedestre, o que já fazem outras grandes cidades mundo afora, como Madri, por exemplo, de que já falei aqui.

Uma coisa é certa: o Circuito veio para ficar e a Sapucaí, que durante muito tempo foi considerada rua marginal, veio provar que nada é irremediável.

O que quero dizer com isso é que BH tem CURA (e a cura virá através do olhar)! 

Imagem de abertura: divulgação Projeto CURA

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