Passei por um perrengue danado recentemente. Conjuntivite brava. Uma semana de molho, sem sair de casa. Quando melhorei, a primeira pergunta que me ocorreu foi aonde vou caminhar?

Era domingo e o sol estava de rachar. Eu ainda não podia ficar exposto à luminosidade excessiva e acabei optando pelo Parque Municipal.

Fomos eu e Lude, minha esposa. Entramos pela portaria da avenida Carandaí e enveredamos por nossa trilha favorita, a que segue paralela à Alameda Ezequiel Dias: Largo da Gameleira.

Finda a trilha, seguimos pela Alameda das Paineiras até o Lago do Quiosque, passamos em frente ao inacabado Espaço Multiuso (antigo Colégio Imaco) e chegamos à Ponte Seca, que tem este nome porque antigamente fazia a travessia do Córrego Acaba Mundo, hoje canalizado.

Daí partimos para o primeiro giro: Alameda das Sapucaias até o Teatro Francisco Nunes, Alameda do Pau Rei até as proximidades do Palácio das Artes e Alameda das Palmeiras até a portaria Ezequiel Dias.

Depois veio o segundo giro: Alameda do Pau Mulato, acesso ao Orquidário, acesso à portaria Andradas, Lago dos Barcos (volta completa) e Alameda dos Fícus até o Lago dos Marrecos.   

Lago dos Barcos (foto do autor)

Na Alameda do Pau Mulato, destaque para a árvore que dá nome ao logradouro, que naquele dia exibia uma incrível coloração de cobre. Segundo a administração do Parque, o pau mulato “tem um ciclo anual de coloração que começa em verde musgo, vai escurecendo e tornando-se avermelhado até atingir um forte tom de cobre”.  

Mas a surpresa maior estava reservada para o final. Decidimos voltar ao Lago do Quiosque para tirar algumas fotos e acabamos descobrindo, lá nos fundos, uma réplica da famosa escultura Vitória de Samotrácia, uma das maiores atrações do Museu do Louvre em Paris.

Réplica da Vitória de Samotrácia no Parque Municipal de Belo Horizonte (foto do autor)

Eu não diria que o impacto que sentimos diante da réplica foi o mesmo que sentimos diante da Vitória de Samotrácia original. Seria exagero. Diria, no entanto, que foi uma agradável surpresa, algo que despertou a nossa curiosidade.

Terminamos a caminhada e ao chegar em casa fomos direto à internet. Ficamos sabendo que a réplica belo-horizontina foi instalada em 2008, em comemoração aos 110 anos do Parque e o mais importante, encontra-se devidamente autenticada pela Réunion de Musées Nationaux, instituição que administra os principais museus franceses. 

Quanto à escultura original, supõe-se que tenha sido esculpida por volta do ano 200 a.C. como representação da deusa grega Nice, a deusa da Vitória, e que fazia parte de uma fonte em forma de proa de embarcação. Foi descoberta por um arqueólogo francês na ilha de Samotrácia (Grécia) em 1863 e adquirida pelo museu do Louvre em 1864.

Vitória de Samotrácia – Escultura original (Foto: Maria Tereza Horta)

É considerada a mais significativa escultura remanescente do período helenístico, apesar de incompleta (faltam-lhe a cabeça e os braços, que até hoje não foram encontrados).   

Como vocês viram, uma conjuntivitezinha de vez em quando não faz mal a ninguém. Depois que passa, a gente vê o mundo com outros olhos. Literalmente!

Foto de abertura: o Parque Municipal visto de cima (crédito: Google Imagens)

Mais fotos? Veja a seguir:


6 respostas

  1. Excelente pai, esse passeio deve ter sido memorável. Basta ver o tanto de conhecimento que foi adquirido em uma simples caminhada no parque municipal.

    Continue sempre caminhando e dar sempre seus ensinamentos àqueles que mais precisam!

    1. Muito obrigado filho. Foi sim um passeio memorável.
      Observe a incrível semelhança entre a réplica e a Vitória de Samotracia original. Não foi à toa que a nossa réplica foi devidamente autenticada pelos franceses.

  2. Bem interessante José Walker. Não sabia que existia uma réplica autenticada aqui em Belo Horizonte! Irei prestar atenção da próxima vez que for ao parque.

    A deusa da vitória também serviu de inspiração para a famosa marca de artigos esportivos Nike. Quando o seu fundador (Phil Knight) fez uma volta ao mundo, apaixonou pela história grega e ao criar sua empresa não mediu esforços ao colocar o nome da deusa da vitória. Li em seu livro “A marca da vitória” que conta a história de como surgiu a marca. Muito bom!

    1. Olá Ricardo.
      Bom te ver aqui novamente.
      Phil Knight estava mesmo inspirado, hein? Escolheu a marca da Vitória e deu certo: a Nike é hoje uma das maiores fabricantes de artigos esportivos do mundo.
      Grande abraço!

  3. O Parque Municipal ainda é um dos meus locais preferidos da cidade… mas da última vez, achei tão mal-cuidado, com muito lixo, moradores de rua acampados por todo o parque, e um cheirão de urina que tava de lascar! Espero que já tenha melhorado…

    Ainda sobre a deusa Nice/Nike, eu descobri sobre ela assistindo ao desenho Cavaleiros do Zodíaco. Quem disse que desenho não é cultura, hein?

    Abraços, José Walker! Continue escrevendo!

    Lucas

    1. Você tem razão Lucas. O Parque Municipal já foi mais bem cuidado, mas continua sendo um dos melhores locais de BH para quem gosta de caminhar ou simplesmente relaxar.
      Confesso que não assisti o desenho “Cavaleiros do Zodíaco”, mas achei interessante o fato da personagem Saori trazer nas mãos a deusa Nice/Nike.
      Desenho é cultura sim!

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