Gosto de inventar moda. Foi assim que descobri que nos domingos várias ruas de Belo Horizonte são fechadas ao trânsito de veículos e se tornam ruas de pedestre. Foi assim que descobri novos locais para fazer minhas caminhadas no Santo Agostinho (próximo à Casa da Filarmônica), no Funcionários (avenida Bernardo Monteiro) e em outros locais.

A minha invenção de moda mais recente foi no dia do jogo Brasil e Bélgica pela Copa do Mundo. Naquela sexta-feira bolei um novo trajeto para voltar do trabalho pra casa a pé e vi muita coisa pelo caminho.

Vi mesas lotadas e torcedores superanimados na esquina de Pernambuco com Fernandes Tourinho.

Vi a agitação que embalava a moçada na Praça Savassi e a descontração que reinava nos bares da rua Paraíba, principalmente nas esquinas de Cláudio Manoel e Gonçalves Dias.

Atravessei o congestionamento da Praça Tiradentes observando o nervosismo e a impaciência dos motoristas e vi que nessas horas o carro não serve pra nada, é melhor andar a pé.

Cheguei à Carandaí e dei de cara com a igrejinha do Sagrado Coração totalmente restaurada. Lembrei-me das minhas leituras de Proust e viajei até Combray, a cidadezinha onde o escritor passava suas férias na infância. Era como se eu estivesse diante da torre do campanário da Igreja de Saint-Jacques, que tanto marcou a vida do menino Marcel.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus na avenida Carandaí (foto: José Walker)

A viagem foi tão interessante que quase me esqueci do jogo. Mas acordei a tempo e desci Ezequiel Dias a toda velocidade. Pensei em cortar caminho pelo Parque Municipal, mas os portões estavam fechados e o jeito foi seguir em frente.

Virei à esquerda na Andradas e continuei caminhando rente ao Parque. Passei por baixo do viaduto Santa Tereza e me deparei, na esquina de Carijós, com uma bela fachada de desenho futurista. Não resisti à tentação. Subi a alça lateral de Assis Chateaubriand, fiz um giro de 180 graus e lá de cima do viaduto tirei algumas fotos do prédio.

Prédio recém-construído na esquina da avenida Andradas com rua Carijós (foto: José Walker)

Depois das fotos, voltei à Andradas. Atravessei a avenida. Em frente ao Edifício Central tive que andar em zigue-zague, pois havia mesas e cadeiras espalhadas por todo lado. Os botecos, que proliferam por lá, já estavam no clima do jogo, com suas TV’s ligadíssimas na Rússia. Tinha até “Bar, Restaurante e Lanchonete Moscou”, acreditem!

Na Praça da Estação era um verdadeiro deus nos acuda o corre-corre do povo para pegar o metrô (faltavam 30 minutos para o início do jogo). Resolvi apertar o passo também.

Ainda fiz uma parada em frente ao Centro de Referência da Juventude, pois o que vi por lá me intrigou. Porque não terminaram a demolição do muro antigo e construíram um muro novo? Se o problema é a segurança (o prédio ficou muito vulnerável), por que não instalaram essas cortinas de vidro que têm sido tão utilizadas em situações semelhantes?

 

Muro do Centro de Referência da Juventude parcialmente demolido (foto: José Walker)

Mas naquele momento eu só pensava no jogo. Deixei, portanto, o muro do Centro de Referência pra lá, subi o viaduto da Floresta e fui direto pra casa.

O final da história todo mundo já sabe: o Brasil perdeu!

Eu sai ganhando, como vocês viram!

Imagem de abertura: Praça Savassi no dia do jogo Brasil e Bélgica (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

2 respostas

  1. Muito bom o artigo, vc é corajoso de rodar por aí faltando tão pouco tempo para o jogo, José Walker. Mas essas são ruas que conheço muito bem, pois passo por elas quando vou para o metrô. Abraços como sempre, Lucas.

    1. Oi Lucas, obrigado pelo comentário!
      É verdade, cheguei em casa em cima da hora, mas deu para assistir o jogo todo.
      Pena que o Brasil perdeu, né?
      Grande abraço.
      José Walker.

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