Semana passada deixei o carro da esposa na oficina para alguns reparos e serviços de pintura.

Ela teve que se virar com os aplicativos de transporte ou se locomover a pé mesmo, pois não está acostumada a andar de ônibus.

No princípio ela estranhou, mas aos poucos foi se adaptando ao novo esquema e no final da semana já nem se lembrava do carro.

Na quinta-feira, por exemplo, foi de Uber até o Pátio Savassi e de lá me ligou marcando um encontro. Queria voltar pra casa comigo. Caminhando!

Achei a coisa mais chique do mundo. Era a primeira vez que faríamos juntos o trajeto que faço todos os dias ao voltar do trabalho: Contorno, Pernambuco, Getúlio Vargas, Ceará (ou Piauí), Brasil, Maranhão e novamente Contorno, onde pego o Circular em direção ao bairro Floresta, caminho de casa.

Encontrei-a na saída da Lavras e iniciamos a nossa jornada. Tive que diminuir o ritmo para que ela pudesse me acompanhar, mas tudo bem. Naquele momento o importante não era a caminhada em si, mas o caminho a seguir.

Barão do Rio Branco (Getúlio Vargas entre Tomé de Souza e Rio Grande do Norte): construído no início do século passado para abrigar os filhos dos funcionários públicos que vieram de Ouro Preto para erguer a nova capital, o prédio da Escola Estadual Barão do Rio Branco acaba de ser restaurado.

Passamos por lá no final da tarde e ficamos impressionados com o que vimos. A pintura da fachada, o imponente pórtico de entrada, as grandes janelas em madeira e vidro, tudo foi cuidadosamente restaurado, valorizando ainda mais a construção.

Fachada do Barão do Rio Branco após a restauração (foto: José Walker)

Casa di Irene (Getúlio Vargas com Rio Grande do Norte): velha conhecida dos tempos de namoro, no início dos anos 80. Naquela época, quando a fome apertava, não tinha erro: torta de frango da Casa di Irene.

A Serenata (Getúlio Vargas com Santa Rita Durão): tradicional loja de instrumentos musicais de BH. Breve pausa para que a companheira de caminhada, que é pianista, pudesse namorar alguns pianos Yamaha expostos na vitrine. Pena que o namoro não tenha resultado em casamento: os preços estavam bastante proibitivos.

Bar da Dalva (Praça ABC): ponto de referência da praça, juntamente com o Edifício Panorama, a Casa Bonomi e o novíssimo Edifício abc65, o Bar da Dalva é um dos preferidos da moçada que transita pela região da Savassi. Deu vontade de sentar e pedir uma cervejinha, mas ainda tínhamos um bom trecho a percorrer. Seguimos em frente.

João Rosa (Piauí entre Getúlio Vargas e Bernardo Guimarães): há décadas no mesmo endereço, serve uma das melhores comidas a quilo da cidade (desconfio que o nome do restaurante seja uma homenagem ao grande escritor de Cordisburgo. Será?)

Spiral com Café (Carandaí com Piauí): o espaço é um misto de cafeteria, livraria e loja de presentes. Estabelecido há 12 anos no mesmo endereço, tem como atração à parte os bolos de fabricação própria (mais de 30 sabores). Não resistimos ao charme do lugar e nos sentamos para um capuccino com pão de queijo. 

Spiral com Café, vista interna (foto: Bruno M.)

Asa de Papel (Piauí com Brasil): espaço multiuso onde também funciona uma cafeteria, a proposta do Asa de Papel é congregar em torno do cafezinho os amantes de arte em geral. Através de uma “gestão coletiva e economicamente criativa” como definem os 50 amigos que se uniram para criar o espaço, o Asa é um lugar democrático, aberto a exposições individuais e coletivas, palestras, saraus, debates, etc.

Passamos por lá no início da noite. Batemos um papo animado com alguns dos frequentadores e aproveitamos para ver a exposição de fotos “Índia, a espera” do cinegrafista Henrique Mourão, resultado de sua expedição à região da Caxemira, norte da Índia. Maravilha!

Mas já estava ficando tarde. Hora de ir pra casa. Pegamos Brasil, depois Maranhão e seguimos até Contorno. Fim da jornada. Ou quase. Ainda faltava o trajeto de ônibus, que preferimos fazer de Uber. Como tudo começou!

Já estou programando a próxima revisão do carro!

Foto de abertura: o “Asa de Papel” em dia de evento musical (divulgação Asa de Papel)

8 respostas

  1. Brilhante
    entusiasmante
    belo trabalho
    muita saúde para a continuidade deste belo e impar iniciativa

    1. É disso que precisamos, não é mesmo?
      E se durante a caminhada descobrimos lugares interessantes, melhor ainda.
      Grande abraço!

  2. Zé, que exposição excelente dos pontos que passaram no trajeto, lugares inesquecíveis da Capital que poucos conhecem suas histórias. Espero que sua caminhada diária do retorno do trabalho continue um bom tempo, e descubra pontos históricos desta cidade que muitos amam, e que a rotina diária não deixam eles usufruíram. Caminhada a dois, bem acompanhado, é melhor ainda. Um abraço.

    1. Olá Magnus. Bom te ver por aqui.
      A ideia é essa mesmo: caminhar, bem acompanhado, explorando o que a cidade tem de melhor.
      Obrigado pela participação e incentivo.
      Grande abraço!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *