De volta ao Parque Municipal

Terça-feira, dez da manhã. Depois de três dias de chuva, uma trégua. Não pensei duas vezes: caminhada no Parque Municipal. Estacionei o carro nas imediações da Escola Barão de Macaúbas na Floresta e desci a pé até a portaria Afonso Pena, que fica defronte ao Automóvel Clube. Fez o agendamento, perguntou o segurança. Não, respondi. Só pode entrar com agendamento, replicou ele… E como eu permanecesse ali parado, sem saber o que fazer, contemporizou: se o senhor quiser, pode fazer on-line. Respeito é bom e eu gosto. Aquele senhor, contudo, me pareceu desnecessário. Tive vontade de apontar para o céu o indicador e mostrar ao meu interlocutor onde está o verdadeiro senhor, mas me contive. O importante, naquele momento, era ser admitido no recinto. Fui ao celular. Baixar o aplicativo, fazer o cadastro, criar uma senha, confirmar a senha, aceitar os termos de utilização, etc., etc. O que parecia coisa à toa acabou se transformando numa verdadeira operação de guerra. Tive que dar a mão à palmatória: o senhor do moço da portaria foi merecido.    O Parque, que foi interditado no início da pandemia e havia sido reaberto naqueles dias, estava praticamente deserto. Caminhei pela ciclovia recém-pintada de amarelo-ouro sem encontrar uma bicicleta sequer. No Lago dos Marrecos e mais adiante no Lago do Quiosque, nenhum espectador. A Praça da Vitória de Samotrácia? Às moscas, como era de se esperar. Mesmo antes da interdição do Parque eram raras as visitas à réplica da famosa escultura, que foi instalada – vai entender – lá nos fundos, em sítio pouco frequentado. Réplica da escultura “Vitória de Samotrácia” (Foto: Lude G. B.) Passei pelo local aonde funcionou o Colégio Imaco na esperança de ver novamente em ação operários da construção civil. Em vão. A obra, inacabada (“Espaço Multiuso”), está paralisada há muitos anos. Seria um belo espaço dedicado à cultura e lazer. Afastei-me indignado: se foi para não fazer, porque é que desfizeram? Cruzei a Ponte Seca. Seca, porque não cruza rio ou córrego algum e sim uma área ajardinada. O curso d´água que por lá corria solto, foi, há muito, canalizado. Acaba Mundo. Do outro lado da ponte, na área dos brinquedos, tudo parado: roda gigante, trenzinho, carrossel. Ali perto, no Lago dos Barcos, nenhuma embarcação. Mais ao fundo, na Ilha dos Amores, passarinhos. Lago dos Barcos (Foto do autor) No Coreto, ninguém para apreciar a beleza dos jardins. Subi a escada. Lá de cima, recostado no gradil, me pus a refletir sobre a caminhada. Foi interessante? Sem dúvida. Mas faltou emoção. O que dá vida a um parque são as pessoas. Da próxima vez, vou levar pelo menos sete. Esposa, filhos e noras. Foto de abertura: Lude G. B.