Sábado na Savassi

Precisava comprar cartucho para a impressora aqui de casa. Era sábado. Onze da manhã. Mapeei as lojas de suprimentos de informática na região da Savassi e tracei o meu itinerário a partir do Colégio Arnaldo. Modo de esticar a caminhada. Subida de Ceará. Deixei para trás Timbiras e Aimorés. A primeira loja, na Getúlio Vargas, questão de minutos. Só que no meio do caminho tinha o Grande Hotel Ronaldo Fraga. Desta vez, de portas abertas. Não estava nos meus planos. Mas é aquela história: é só uma visitinha rápida… Hora do brunch. Passei pelo bar-café, pela loja de roupas e acessórios, subi a escada dos fundos. No piso superior, uma área ao ar livre destinada a eventos, vários cômodos decorados com móveis de época e um interessante acervo de livros. Grande Hotel Ronaldo Fraga – Acervo de livros do proprietário Quartos de hóspedes? Que nada. Na verdade, me informaram, este não é um hotel convencional. Aqui se hospedam parceiros comerciais. Gente que se identifica com as ideias do proprietário. Bem Ronaldo Fraga. Mas o tempo urgia. Agradeci a visita e segui adiante. Na loja da Getúlio Vargas, produto em falta. De certa forma, gostei. Se tivesse encontrado o cartucho logo de cara, o que seria da minha caminhada? Na Casa Bonomi, fila de espera. Sob o caramanchão da Cláudio Manoel, clientes experimentando deliciosos pães artesanais. Deu água na boca. Atravessei Getúlio Vargas. Do outro lado, o Bar da Dalva começava a se movimentar. Passei. Passei também pela Serenata, na esquina de Santa Rita Durão, uma das mais antigas lojas de instrumentos musicais de BH.   Subi Professor Morais. Lá no alto, onde a rua afunila e muda de nome, a segunda loja. Anotei o preço, mas não levei. Eu queria mesmo é bater perna. Rio Grande do Norte, Antônio de Albuquerque, quarteirão fechado. Comida baiana, bares, cafés. Mesas na calçada. E dá-lhe caminhada. Praça da Savassi, Getúlio Vargas. Em frente a um estabelecimento que cabe num estreito corredor, pessoas conversando animadamente: The Coffee. Hora dessas volto lá pra conferir. Próximo à cafeteria, a terceira loja. Mesmo preço da segunda. A vendedora, sem perguntar se eu ia levar, foi direto ao caixa. De pirraça, não levei. Segui até Fernandes Tourinho, virei à esquerda. Livraria Quixote. Uma das minhas favoritas. Pausa para conferir os títulos nas estantes. E para um cafezinho. Reta final. Descida de Pernambuco, destino avenida Brasil. Na esquina de Inconfidentes, casa antiga abandonada. Passei. Na esquina de Cláudio Manoel, casarão antigo com varanda lateral. Preciosidade. Casarão antigo à rua Pernambuco esquina de Cláudio Manoel Quase meio-dia. Cheguei à avenida Brasil resfolegando. Quarta loja prestes a fechar as portas, nem perguntei o preço. Cartucho na mão, pé no caminho. Praça Tiradentes. À esquerda do alferes, uma bela casa de meados do século passado. À direita, outra. Uma, belos jardins, fachadas em pó de pedra, tons de ocre e areia. A outra, tijolos aparentes, escadaria em mármore, sede da Bolsa de Valores de Minas. Logo adiante, ainda na avenida Brasil, duas casas, também de meados do século passado. Gêmeas. Até na disposição da numeração, inclinada a 45 graus: 1305 e 1297. No quarteirão seguinte, a um passo do Colégio Arnaldo, outra casa, mais antiga ainda. Talvez da década de 20. Também com varanda lateral. E acreditem, quintal. O cartucho funcionou perfeitamente.