Domingo às oito da manhã tem quase ninguém na rua. Dá pra fazer coisas que em outros dias da semana seriam inimagináveis, como caminhar no asfalto evitando os obstáculos das calçadas, tirar fotos sem interferência dos carros, curtir a paisagem.

Foi neste horário que sai de casa no último domingo. Sem rumo certo. Flanei pela rua Curvelo e mais adiante pela avenida do Contorno nas proximidades da Igreja Nossa Senhora das Dores curtindo a tranquilidade do bairro Floresta naquela manhã ensolarada.

Rua Curvelo num domingo de manhã

Depois, cruzei a avenida Assis Chateaubriand e acabei encontrando, sem querer, o meu destino: rua Marechal Deodoro. Conhecem?

Se não conhecem, não se avexem. Quase ninguém conhece. Aliás, quase ninguém tem tempo de ficar zanzando por aí em busca de ruas perdidas no meio do caos urbano, não é mesmo?

Explico: a Marechal Deodoro é aquela simpática rua que começa na Contorno e termina na Francisco Sales. Cheia de casas. Cheia de vida. Tem casa verde, casa rosada, casa azulada. Todas muito bem conservadas.

Casa à rua Marechal Deodoro

Mas esses atributos não são exclusivos da Marechal Deodoro. As vizinhas Aquiles Lobo, Brasópolis, Mucuri, José Pedro Drummond e Silva Ortiz também não ficam para trás.

Quem passa pela região tem a impressão de que há uma disputa entre os moradores para eleger quem cuida melhor do seu pedaço. E a disputa é acirrada. Vi morador cuidando de jardim, consertando portão de garagem, varrendo calçada.

E a região tem mais: topografia favorável, calçadas largas e arborizadas, pouco trânsito de veículos. Tudo que o cidadão precisa para fazer uma boa caminhada.

Praça? Tem também. Praça do Lyons. Brasópolis com Mucuri. Pracinha. Três árvores, quatro bancos de concreto, um pedestal sem estátua. Placa indicativa nenhuma. O nome do logradouro quem informou foi antiga moradora que passava pelo local e me viu tirando fotos.

E disse mais a moradora, apontando com o indicador direito para a rua Mucuri: “logo adiante você vai encontrar uma floricultura; é lá que morou o Ronaldo Fraga”.

Não encontrei a floricultura, mas não foi difícil encontrar a ex-residência do famoso estilista. Caminhando na direção indicada cheguei a uma casa cuidadosamente restaurada e logo identifiquei o estilo inconfundível do antigo proprietário. Mucuri, 325.

A “floricultura” a que se referiu a moradora é, na verdade, o Amadoria. Pesquisei na internet: “espaço de vivências e convivências de autoconhecimento, arte, amor e bem-estar”.

Em frente ao Amadoria uma namoradeira me espreitava da janela. Fotografei. Ela nem percebeu…

Já estava na hora de voltar pra casa. Mas ainda tive tempo de matar uma curiosidade. Descobrir o nome do artista que pintou o mural representando divindade Inca ou algo parecido na esquina de Aquiles Lobo com Francisco Sales: Alvim Fhero Comum Hyper. Eu acho. É o que está escrito naquelas letras de grafiteiro no canto superior esquerdo.

Resumo da ópera: sai de casa sem rumo, voltei arrumado. Arrumei um novo local para as minhas caminhadas de fim de semana.

Quer ver mais fotos? Aí estão:

8 respostas

  1. José Walker, mais um texto da Floresta rico de detalhes e cativante. Conheço todas essas ruas que você mencionou e com sinceridade nunca reparei na beleza dessas propriedades, de todas as cores e diversos pequenos detalhes que as diferem ou as aproximam. Gosto de observar as janelas, as portas, os portões e os acabamentos. Realmente existe uma beleza exorbitante no bairro Floresta.

    1. É isso aí Natália. O bairro Floresta é cheio de atrações. Caminhar por suas ruas e becos é tudo de bom.
      Sigamos juntos. Ainda há muitos detalhes a explorar.
      Um grande abraço!

  2. José Walker, também faço umas caminhadas sem rumo nesse horário do domingo cedinho, qualquer hora nos encontramos por essa Floresta.
    Abraço,

    1. É isso aí Leonel. Qualquer hora dessas nos encontramos.
      Caminhar é tudo de bom.
      Grande abraço!

  3. Muito bom Zé! Seus registros são ótimos! A gente se sente em cada local descrito, podendo inclusive perceber o que não vemos na correria do dia a dia. Parabéns!

    1. Bom te ver por aqui Frank!
      Obrigado pelo comentário e incentivo.
      A ideia é esta mesmo: caminhar, explorando e divulgando o que BH tem de melhor e nem sempre se vê na correria do dia a dia.
      Grande abraço!

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