Confesso que me aproveitei da situação caótica que se instalou no país com a greve dos caminhoneiros e sai no lucro.

No início da semana, assim que vislumbrei a situação, comecei a estocar combustível e nesta sexta-feira, aproveitando a escala reduzida dos ônibus, acabei fazendo um bom negócio.

Mas não pensem mal de mim!

O estoque de combustível a que me refiro é a energia pessoal que economizei durante a semana, já prevendo que mais dia, menos dia os ônibus iam me deixar na mão e eu teria que fazer todo o percurso trabalho-casa a pé.

E o bom negócio que fiz não tem nada a ver com venda de combustível, como pode parecer à primeira vista. É que nesta sexta-feira, como eu previa, tive que voltar a pé para casa e acabei descobrindo um novo local para fazer caminhadas nos fins de semana.

Trata-se da avenida Bernardo Monteiro, lado esquerdo de quem vai de Afonso Pena a Alfredo Balena, uma via de trânsito local, ideal para quem quer caminhar e curtir a paisagem.

E porque ontem foi sábado, voltei à avenida para testar a nova pista de caminhada.

É verdade que a Bernardo Monteiro não apresenta mais aquele charme de antes, pois alguns dos fícus que eram sua marca registrada tiveram que ser sacrificados em razão de uma praga que grassou por lá, mas o observador atento irá notar algo mais do que simples escombros.

Evidentemente, nada se compara ao verde das árvores. O ideal teria sido preservá-las, mas já que não foi possível, vamos enxergar a situação com outros olhos.

Observem a foto abaixo, que tirei enquanto caminhava por lá. Quem sabe esses troncos retorcidos não escondem a alma das árvores, que se oferecem aos nossos olhos em forma de escultura, para que mantenhamos viva a sua memória?

Foi o que eu disse à senhora G., que me abordou enquanto eu tirava esta e outras fotos. Ela, que no princípio pediu que eu as publicasse “para mostrar o absurdo que fizeram com as árvores”, acabou confessando: “é verdade, eu não tinha enxergado as coisas por esse lado”.

Simpática a minha interlocutora. Despediu-se de mim sentindo-se mais aliviada, espero.

Eu também fiquei mais tranquilo. Afinal, aquela história da alma das árvores me ocorreu no exato momento em que eu tirava as fotos e me trouxe certo conforto também. Uma nova maneira de enxergar a situação.

E assim segui o meu caminho até a esquina de Afonso Pena, onde me deparei com uma novidade! Um contador eletrônico de magrelas. Isso mesmo: cada bicicleta é contabilizada e o aparelho mostra, instantaneamente, o total de bicicletas que passou até aquele momento.

Ontem, por volta das 11 horas, quando passei por lá, já haviam sido contabilizadas 168 bicicletas, o que, segundo o ciclista R. Vilaça que encontrei no local, “é um número significativo se considerarmos a falácia de que BH é uma cidade inviável para este tipo de transporte”.

Aprovei a nova pista de caminhada. Sua nova pista de caminhada!

Mais fotos da Bernardo Monteiro? Aí estão:

4 respostas

  1. Muito bacana o artigo. É sempre bom quando a gente procura ver as coisas pelo lado positivo né? Gostei de ver você pensando assim, e não apenas reclamando como a outra pessoa o fez.
    Parabéns pelo texto e pela reflexão.

    1. Bom que você gostou Guilherme!
      Obrigado pelo comentário. Continue prestigiando o blog.
      Abração!

  2. Maravilha de artigo Jose Walker! Muito bom mesmo! Realmente você foi muito feliz em enxergar o lado bonito das árvores após o seu sacrifício! Parabéns! Muito bom mesmo! Que sirva de reflexão para todos nós, de enxergamos o lado bom e bonito das coisas mesmo quando temos algum problema ou alguma dificuldade.

    1. Muito bom te ver aqui de novo Luiz Henrique!
      Realmente, precisamos enxergar o lado “bom e bonito das coisas” …
      Mas é preciso que o poder público também enxergue isso e preserve o que restou das árvores. Algumas delas já sofreram a ação de fogo.
      Grande abraço!

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