Como todos sabem, em julho do ano passado o Conjunto Moderno da Pampulha foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

A decisão foi tomada em Istambul, na Turquia, em meio a um clima tenso, logo após a tentativa de golpe para depor o Presidente Recep Tayyip Erdogan.

Foi, portanto, uma decisão histórica e, porque não dizer, heroica!

Só que o título foi concedido mediante uma condição: a demolição do anexo do Iate Tênis Clube, o puxadinho que avançou sobre o espelho d’água, descaracterizando o projeto de Niemeyer e prejudicando a visibilidade do conjunto arquitetônico da Pampulha.

Vista aérea do Iate Tênis Clube mostrando ao fundo o prédio em forma de cunha projetado por Niemeyer e o “puxadinho” com suas quadras e piscinas

E como andam as negociações para a demolição?

Bem, foi esta a pergunta que fiz há um mês à Belotur, ao Ministério Público, ao IEPHA e à diretoria do clube.

A Belotur passou a bola para a Fundação Municipal de Cultura, que informou apenas que “as negociações estão em andamento entre a diretoria do clube e a Prefeitura de Belo Horizonte, com intermediação do Ministério Público de Minas Gerais”.

O Ministério Público encaminhou a questão à 15ª Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural e à 16ª Promotoria de Defesa de Habitação e Urbanismo, que ainda não se manifestaram.

Os demais destinatários sequer responderam à consulta.

A situação é preocupante! O prazo estabelecido pela UNESCO para a demolição do anexo é de 3 anos após a obtenção do título, que ocorreu em 17 de julho de 2016. Portanto, já se passou um ano e até agora nada!

As últimas notícias que temos datam do início de 2016. Até então, nem a Prefeitura nem o Clube haviam apresentado qualquer documento que autorizasse a construção do anexo.

Segundo os promotores de Justiça que trabalhavam no caso à época, tudo indica que possa ter havido “corresponsabilidade da Prefeitura, por omissão no dever de fiscalizar as obras, e do Iate, por ter construído sem autorização municipal…”.

Tudo é possível. O que não é possível é não sermos informados sobre o que está acontecendo. Se estão em curso as negociações, queremos saber o que já foi apurado e o que está sendo feito para se resolver o impasse.

Uma coisa é certa: a demolição tem que acontecer, sob pena de perdermos o título tão brilhantemente conquistado!

Vamos fazer um movimento nas redes sociais em prol da demolição, divulgar os dias que faltam para o término do prazo dado pela UNESCO, cobrar maior transparência nas negociações.

O prazo está correndo e quanto menor o prazo, maior o custo da obra!

Foto de abertura e no corpo do artigo: wikimapia

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