Em um dos artigos anteriores eu abordei o problema das calçadas de Belo Horizonte. Neste artigo vou abordar outro problema que também me incomoda bastante: a precária iluminação dos prédios históricos da cidade.

Será que esses verdadeiros guardiões da nossa memória não merecem o devido destaque?

Porque não seguimos o exemplo de outras grandes cidades do mundo, que há muito tempo descobriram que prédios e monumentos iluminados constituem um espetáculo à parte, uma forma de destacar à noite aquilo que nem sempre se percebe à luz do dia?

Ou será que a magnitude de alguns palácios e museus estrangeiros nos cegou a ponto de não mais sermos capazes de enxergar o valor do nosso patrimônio?

Se é assim que nos sentimos, está na hora de mudar. Está na hora de construirmos a nossa própria identidade, sem fazer comparações, mesmo porque não há termos de comparação entre a nossa cultura e a do velho continente, por exemplo.

Sob este aspecto, o Palácio da Liberdade é tão importante para Belo Horizonte quanto o Palácio de Buckingham o é para Londres.

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Palácio de Buckingham à noite – Fonte: PA photos

Ou quem sabe o poder público considera que o que restou da Belo Horizonte de antigamente é tão pouco que não merece destaque?

Se for este o caso, discordo. É exatamente porque restou pouca coisa daquela época que devemos preservar, valorizar o que ficou de pé.

Vejam o prédio do Instituto de Educação, que fica ali na rua Pernambuco entre as avenidas Afonso Pena e Carandaí.

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Foto: Postal Colombo

É um dos mais imponentes da cidade, mas à noite quase passa despercebido, tal a penumbra em que se encontra.

Agora, imaginem um projeto de iluminação que valorize suas linhas majestosas, os detalhes arquitetônicos, os jardins. Imaginem ainda, numa segunda etapa, sua transformação em museu ou centro cultural.

Seria tudo de bom, não é mesmo?

Além disso, a iluminação do prédio e a presença do público certamente inibiriam a atuação dos oportunistas de plantão, aqueles que vivem ali por perto e se aproveitam da escuridão e do isolamento da área para praticar seus delitos.

Citei o Instituto de Educação como poderia citar inúmeros outros prédios que se encontram na mesma situação, mas vou deixar este exercício de imaginação para vocês.

Só não posso deixar de falar da região que concentra o maior número de prédios históricos de BH. É claro que estou me referindo à Praça da Liberdade, um dos cartões postais da cidade e um dos locais mais frequentados pelos turistas. Antes do pôr do sol, que fique bem entendido!

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Quem já se aventurou a caminhar por lá à noite sabe do que estou falando…

É claro que os antigos postes de iluminação pública que remontam aos primórdios da capital e lá se encontram até hoje devem ser preservados, mas ninguém duvida de sua ineficácia nos dias atuais.

Portanto, a ideia é iluminar devidamente o Palácio da Liberdade e os demais prédios históricos da região, que iluminariam, por sua vez, a própria Praça da Liberdade.

O modelo está bem ali, na esquina da rua Cláudio Manoel. É o prédio do CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil. Aliás, não foi à toa que o escolhi para a página de abertura deste artigo.

A propósito, voltem à foto e reparem como o projeto de iluminação valorizou o prédio. Observem, sob o jogo de luz e sombra, a riqueza de detalhes, a imponência da construção.

Portanto, vamos iluminar os nossos prédios históricos, abri-los à visitação pública, mostrá-los enfim. Não se trata somente de valorizar o nosso patrimônio, nossos bens culturais, de incrementar o turismo. Trata-se também de garantir a segurança da população.

E para terminar vou lançar um desafio. Vocês se lembram do roteiro Da Praça 7 à Praça da Liberdade, o primeiro roteiro turístico a pé que publiquei aqui no caminhada.org? O desafio é iluminar todos os prédios citados no roteiro e transformá-lo em atração turística noturna.

Quem sabe daqui a alguns anos poderemos encher de orgulho o peito e dizer: observem a iluminação dos prédios históricos de Belo Horizonte, é uma das maiores atrações da cidade!

Foto em destaque: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – Gisele Prosdocimi

4 respostas

  1. Ótima sugestão! Na Europa é uma pátina comum. Poderíamos copiar! A Escola Pedro II é um exemplo lindo que BH nos presenteia! Assino embaixo!
    Iluminação dos prédios históricos Já!

    1. É isso aí Frieda, gostei da chamada: iluminação dos prédios históricos já!
      Você tem razão, o prédio da Escola Pedro II na avenida Alfredo Balena é muito bonito e seria um ótimo ponto de partida.
      Obrigado pela participação!
      Um grande abraço!

    1. Que bom que você gostou Luiz Henrique.
      É isso aí, BH tem um enorme potencial turístico ainda inexplorado.
      Continue participando e compartilhe com os amigos.
      Obrigado!

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