No artigo anterior eu lancei a ideia de uma rota turística pela área central de Belo Horizonte. A rota utilizaria passarelas elevadas e alamedas de pedestres para evitar o deslocamento do turista pelas congestionadas ruas do centro da cidade.

E tudo corria bem, até que em determinado momento a coisa empacou…

Neste artigo vou mostrar como resolvi esta parada, mas antes é preciso fazer um breve resumo do artigo anterior, para bom entendimento de quem está pegando o bonde agora.

O primeiro trecho da rota teria início no quarteirão fechado da rua Carijós junto ao novo Cine Teatro Brasil e passaria pelas alamedas da Igreja São José e do Parque Municipal.

Neste trecho haveria duas passarelas, uma ligando a rua Carijós à Igreja São José e outra ligando a Igreja ao Parque Municipal.

Quanto a primeira passarela não houve maiores dificuldades, mas em relação à segunda a coisa não foi tão simples assim.

Cheguei a definir um ponto de apoio intermediário no canteiro central da avenida Afonso Pena em frente ao Castelinho, mas daí até o Parque Municipal seria necessário mais um ponto de apoio, e por mais que quebrasse a cabeça eu não chegava a uma solução.

Morto de cansaço fui pra cama, relaxei e pela madrugada tive uma visão do Edifício Sulacap dos meus tempos de criança, sem o puxadinho de lojas na parte frontal e tendo ao fundo o viaduto Santa Tereza.

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Figura mostrando a configuração original do Edifício Sulacap (Fonte: curraldelrei.blogspot.com.br)

Era a pista que faltava, e a solução veio num piscar de olhos: reconstituir a entrada original do prédio, ancorar no local a continuação da passarela que estava parada em frente ao Castelinho e construir ao fundo uma outra passarela elevada em direção ao Parque Municipal.

É claro que para isso o tal puxadinho teria que ir abaixo, mas alguém duvida que aberrações como aquela jamais deveriam ter saído do chão?

Eu, pelo menos, tenho duas boas razões para refutar qualquer argumento contrário.

A primeira é de ordem prática: na década de 60 quem estivesse na avenida Afonso Pena e quisesse ir a pé até o bairro Floresta não precisava descer a rua da Bahia ou a rua Tamoios para chegar ao viaduto Santa Tereza. A entrada do Edifício Sulacap era aberta e bastava descer a escadaria ao fundo que se dava de cara com o viaduto.

A segunda é de ordem afetiva: para a criança que eu era não havia nada mais fascinante do que ficar observando da avenida Afonso Pena os veículos que seguiam pelo viaduto. Eu pensava que vinham de um túnel sob o prédio e não da rua Tamoios, como de fato acontece.

Portanto, vamos imaginar uma passarela ligando o edifício Sulacap, já livre do puxadinho, ao Parque Municipal e continuar a nossa jornada.

Dentro do Parque o turista seguiria pela alameda que passa pelo coreto, pelo Teatro Francisco Nunes, pela portaria da avenida Afonso Pena com Álvares Cabral, pelo gramado existente ao lado do Palácio das Artes e pelo prédio da administração do Parque.

parque municipal pessoas caminhando alameda coreto

Parque Municipal de Belo Horizonte (Crédito: Google imagens)

Logo adiante infletiria para a direita utilizando um acesso em paralelepípedo já existente, contornaria o Palácio das Artes pelos fundos e seguiria através de outra alameda até a portaria existente na esquina das avenidas Carandaí e Afonso Pena.

Deste local o turista seria conduzido diretamente aos jardins da Igreja Boa Viagem através de uma única passarela, que teria como eixo direcional a rua Alagoas.

Para a implantação da estrutura de apoio da passarela a rua Alagoas teria a pista de rolamento reduzida à metade neste trecho, o que provavelmente não causaria maiores transtornos, uma vez que não se trata de via arterial.

Saindo da passarela o turista passaria em frente à entrada principal da Igreja Boa Viagem e seguiria pela alameda que conduz à esquina das ruas Sergipe e Aimorés.

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Igreja da Boa Viagem vista de cima (Crédito: Google Imagens)

Daí em diante, como o fluxo de veículos e pedestres é mais disciplinado, não haveria necessidade de passarelas elevadas e o turista seguiria pela rua Aimorés e pela avenida João Pinheiro até a Praça da Liberdade.

O percurso pode ser esticado a critério de cada um, principalmente na região do Parque Municipal. O importante é que a rota seja identificada através de faixas de sinalização (em azul, por exemplo), para evitar que o turista se perca.

Utopia? Em um país que ainda não acordou para o turismo, pode ser. Eu, particularmente, prefiro acreditar que esta é uma boa ideia.

Quem sabe alguém da administração pública resolve acreditar também?

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