Palácio e Praça da Liberdade: porque não uma coisa só?

Um dos meus locais de caminhada favoritos em Belo Horizonte é a Praça da Liberdade, que considero a mais europeia das praças brasileiras. Digo isto não só pela Praça em si, que não por acaso foi inspirada nos jardins do Palácio de Versailles, mas também pelo seu entorno. O que me impressiona ali é o convívio harmonioso entre as construções em estilo neoclássico do início do século passado, o inusitado do Rainha da Sucata e o arrojo de Niemeyer que nos legou a Biblioteca Pública e as curvas do Edíficio Niemeyer. Só uma coisa me intriga: o isolamento do Palácio da Liberdade. Toda vez que o observo do lado de cá fico imaginando como seria bom caminhar livremente ao seu redor, ver de perto suas linhas imponentes, explorar seus belos jardins, desvendar sua face oculta, só revelada aos privilegiados que têm acesso ao seu interior. Vã ilusão. Veículos apressados impedem a minha travessia, grades bloqueiam a minha entrada, guardas armados insinuam que não sou bem-vindo. Mas não desisto facilmente, e logo me ponho a cismar de novo… E se construíssem uma trincheira ligando as avenidas Bias Fortes e Cristóvão Colombo para desviar o trânsito de veículos? E se retirassem as grades do lado de lá? E se desarmassem os guardas e os instruíssem na arte de bem receber os visitantes? Seria uma grande conquista, não é mesmo? Poderíamos caminhar de um lado para o outro como se fosse tudo uma coisa só: uma só praça, um só jardim. Como antigamente! Fonte: BH Nostalgia / Revista Encontro É claro que o trânsito de veículos teria que ser repensado, mas algumas medidas simples poderiam ser tomadas para evitar maiores transtornos. Os veículos que sobem a avenida Bias Fortes e se dirigem à rua da Bahia ou à Biblioteca Pública, por exemplo, continuariam a fazer o mesmo trajeto de hoje: a ideia é preservar a faixa direita da avenida para esta finalidade, como foi feito na trincheira da avenida Raja Gabaglia. A mesma solução seria adotada para os que vêm da Savassi pela avenida Cristóvão Colombo e se dirigem às avenidas Brasil e João Pinheiro. O acesso seria feito pela faixa direita da Cristóvão Colombo, que também seria preservada. Os que sobem a avenida João Pinheiro e se dirigem à Savassi seguiriam pela rua Gonçalves Dias até a avenida Bias Fortes, onde acessariam a trincheira (a alameda em frente ao Memorial Minas Gerais Vale seria utilizada apenas como via de trânsito local). Algum transtorno apenas para os veículos que passam em frente ao Palácio e se dirigem às avenidas Brasil e João Pinheiro: teriam que acessar a trincheira na avenida Bias Fortes e fazer o retorno utilizando as ruas Sergipe, Antônio de Albuquerque e Alagoas. Estas seriam as principais intervenções. Outras, de menor impacto, certamente serão necessárias e poderão ser definidas no decorrer dos estudos técnicos a serem desenvolvidos. Acabei de me lembrar, por exemplo, que os veículos que circulam pela alameda que dá acesso à Biblioteca Pública e à Casa Fiat de Cultura ficariam sem opção de saída com a implantação da trincheira. Mas isso não é nenhum bicho de sete cabeças: uma das opções seria reabrir o quarteirão fechado da rua Tomás Gonzaga que fica ao lado da Biblioteca e hoje é utilizado como estacionamento de veículos. Gostaram das ideias? Então vamos fazer coro junto aos órgãos competentes para que se tornem realidade e em breve possamos esticar a nossa caminhada até os jardins do Palácio, sem qualquer obstáculo. Aliás, tudo ficaria como era no princípio: para quem não sabe, o nome de batismo das avenidas que circundam o Palácio é Praça da Liberdade. Peguem o mapa da cidade e confiram. Quanto ao Palácio da Liberdade em si, quem sabe não seria transformado em museu? Garanto que não ficaria nada a dever a outros museus mundo a fora. E para os que ainda pensam que não estamos preparados para isso, aqui vai um lembrete: a melhor maneira de proteger os nossos bens culturais é franqueando o acesso ao público, como fazem os estrangeiros. E lucram com isto! Ah… já ia me esquecendo. Não entendo porque “esconderam” as estátuas dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse em frente à Biblioteca. Em qualquer outra grande cidade do planeta os amigos inseparáveis seriam atração à parte, com direito a totem informativo e tudo mais. Vejam a foto abaixo, que mostra o local onde elas foram colocadas inicialmente, e tirem suas conclusões.

Corredor Cultural da Praça da Estação: porque parou, parou porque?

Quem se lembra de uma projeto denominado Corredor Cultural da Praça da Estação, que interligaria a Serraria Souza Pinto, o Museu de Artes e Ofícios, a Casa do Conde de Santa Marinha e outros espaços culturais da região da Praça da Estação aqui em Belo Horizonte? E da proposta de construção do Espaço Multiuso do Parque Municipal, onde funcionou o Colégio Imaco? Ambos foram lançados pela Prefeitura de BH há cerca de três anos e causaram muita discussão, mas trouxeram, sobretudo, muitas esperanças para o meio artístico-cultural da cidade. E como andam esses projetos? Infelizmente não andam: o primeiro ficou só no papel e o segundo só no esqueleto. Mas agora vou resgatá-los através de uma proposta única. A minha ideia é criar uma passarela elevada interligando o futuro Espaço Multiuso do Parque Municipal à Serraria Souza Pinto, ao Museu de Artes e Ofícios, ao Centro Cultural da UFMG, ao Espaço Cultural Estação 104, e à Casa do Conde. A passarela teria como eixo o canteiro central da avenida dos Andradas e, assim como o High Line Park nova-iorquino, seria toda ajardinada, com áreas de repouso e plataformas para fotografias. Tudo começaria no futuro Espaço Multiuso, dentro do Parque Municipal. De lá a passarela seguiria em elevação pela alameda que margeia o Lago do Quiosque, infletiria à esquerda próximo ao gradil da alameda Ezequiel Dias e continuaria em frente até transpor a pista contígua da avenida dos Andradas. A partir deste ponto começaria efetivamente o trecho ao longo do canteiro central da avenida, que teria dois lances distintos, em função da interferência com o viaduto Santa Tereza, patrimônio histórico da cidade. O primeiro lance iria até a altura do número 840 da avenida, um pouco antes do viaduto, e morreria à direita, no terreno que hoje serve como área de estacionamento da Serraria Souza Pinto. O segundo lance nasceria logo em frente, onde se encontra o prédio de número 555 da avenida dos Andradas, que seria demolido. Mas não se assustem: trata-se de construção sem interesse histórico, cuja demolição, além de servir a uma causa justa, permitiria a despoluição visual da área e a implantação de mais um espaço público. Depois da demolição o local seria urbanizado, possibilitando a construção do acesso ao segundo lance da passarela, que transporia a pista contigua da avenida dos Andradas e seguiria pelo canteiro central em direção à Praça da Estação. Na Praça da Estação haveria duas alças, uma à direita, em direção ao Monumento à Civilização Mineira, e outra à esquerda, em direção à avenida Santos Dumont. Estas alças permitiriam o acesso ao prédio da antiga RFFSA e ao Museu de Artes e Ofícios de um lado, e ao Centro Cultural da UFMG e ao Espaço Cultural Estação 104 do outro. Fonte: belarq.com.br Na sequência a passarela seguiria em direção ao viaduto da Floresta e continuaria, acompanhando o traçado da avenida, até a esquina da rua da Bahia. Dalí a passarela transporia a avenida Andradas tomando a direção da rua Januária e chegaria ao seu ponto final, a Casa do Conde. Ponto final? Depois que tinha dado por encerrado este artigo é que me lembrei do interessante Museu Giramundo, e do antigo “Hotel Palladium”, mais conhecido como “Castelinho da Floresta”, que fica logo em frente, na rua Varginha, e hoje não passa de um casarão abandonado. (ver atualização) E se da Casa do Conde a passarela seguisse margeando a linha de trens até a altura da rua Varginha com Célio de Castro, entrasse pelo lote vago que há na esquina e se ancorasse no antigo Hotel Palladium, para então alçar vôo até o Museu Giramundo? Não é má ideia, concordam? ……………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………… Algumas intervenções que contribuiriam para tornar o projeto ainda mais interessante: Pintar o viaduto Santa Tereza com tinta impermeável à prova de pichações, e retirar os horríveis anteparos colocados na base dos arcos (deve haver uma maneira menos impactante de evitar que novos CDA’s se aventurem naquelas alturas); Ocupar e integrar ao Corredor Cultural o prédio recém construído entre a Praça da Estação e o viaduto da Floresta, onde já deveria estar funcionando o Centro de Referência da Juventude; Demolir a destoante construção existente do outro lado do viaduto, possibilitando a criação de uma grande praça em frente à monumental Casa do Conde, que assim teria a visibilidade que merece; Reformar e promover a ocupação do antigo prédio da Escola de Engenharia da UFMG, o A.S. ou Álvaro da Silveira, de tantas recordações, não é mesmo, caros colegas? E Ponto final.

O dia em que o puxadinho do Edifício Sulacap foi ao chão, para o bem de todos e felicidade geral da nação

No artigo anterior eu lancei a ideia de uma rota turística pela área central de Belo Horizonte. A rota utilizaria passarelas elevadas e alamedas de pedestres para evitar o deslocamento do turista pelas congestionadas ruas do centro da cidade. E tudo corria bem, até que em determinado momento a coisa empacou… Neste artigo vou mostrar como resolvi esta parada, mas antes é preciso fazer um breve resumo do artigo anterior, para bom entendimento de quem está pegando o bonde agora. O primeiro trecho da rota teria início no quarteirão fechado da rua Carijós junto ao novo Cine Teatro Brasil e passaria pelas alamedas da Igreja São José e do Parque Municipal. Neste trecho haveria duas passarelas, uma ligando a rua Carijós à Igreja São José e outra ligando a Igreja ao Parque Municipal. Quanto a primeira passarela não houve maiores dificuldades, mas em relação à segunda a coisa não foi tão simples assim. Cheguei a definir um ponto de apoio intermediário no canteiro central da avenida Afonso Pena em frente ao Castelinho, mas daí até o Parque Municipal seria necessário mais um ponto de apoio, e por mais que quebrasse a cabeça eu não chegava a uma solução. Morto de cansaço fui pra cama, relaxei e pela madrugada tive uma visão do Edifício Sulacap dos meus tempos de criança, sem o puxadinho de lojas na parte frontal e tendo ao fundo o viaduto Santa Tereza. Figura mostrando a configuração original do Edifício Sulacap (Fonte: curraldelrei.blogspot.com.br) Era a pista que faltava, e a solução veio num piscar de olhos: reconstituir a entrada original do prédio, ancorar no local a continuação da passarela que estava parada em frente ao Castelinho e construir ao fundo uma outra passarela elevada em direção ao Parque Municipal. É claro que para isso o tal puxadinho teria que ir abaixo, mas alguém duvida que aberrações como aquela jamais deveriam ter saído do chão? Eu, pelo menos, tenho duas boas razões para refutar qualquer argumento contrário. A primeira é de ordem prática: na década de 60 quem estivesse na avenida Afonso Pena e quisesse ir a pé até o bairro Floresta não precisava descer a rua da Bahia ou a rua Tamoios para chegar ao viaduto Santa Tereza. A entrada do Edifício Sulacap era aberta e bastava descer a escadaria ao fundo que se dava de cara com o viaduto. A segunda é de ordem afetiva: para a criança que eu era não havia nada mais fascinante do que ficar observando da avenida Afonso Pena os veículos que seguiam pelo viaduto. Eu pensava que vinham de um túnel sob o prédio e não da rua Tamoios, como de fato acontece. Portanto, vamos imaginar uma passarela ligando o edifício Sulacap, já livre do puxadinho, ao Parque Municipal e continuar a nossa jornada. Dentro do Parque o turista seguiria pela alameda que passa pelo coreto, pelo Teatro Francisco Nunes, pela portaria da avenida Afonso Pena com Álvares Cabral, pelo gramado existente ao lado do Palácio das Artes e pelo prédio da administração do Parque. Parque Municipal de Belo Horizonte (Crédito: Google imagens) Logo adiante infletiria para a direita utilizando um acesso em paralelepípedo já existente, contornaria o Palácio das Artes pelos fundos e seguiria através de outra alameda até a portaria existente na esquina das avenidas Carandaí e Afonso Pena. Deste local o turista seria conduzido diretamente aos jardins da Igreja Boa Viagem através de uma única passarela, que teria como eixo direcional a rua Alagoas. Para a implantação da estrutura de apoio da passarela a rua Alagoas teria a pista de rolamento reduzida à metade neste trecho, o que provavelmente não causaria maiores transtornos, uma vez que não se trata de via arterial. Saindo da passarela o turista passaria em frente à entrada principal da Igreja Boa Viagem e seguiria pela alameda que conduz à esquina das ruas Sergipe e Aimorés. Igreja da Boa Viagem vista de cima (Crédito: Google Imagens) Daí em diante, como o fluxo de veículos e pedestres é mais disciplinado, não haveria necessidade de passarelas elevadas e o turista seguiria pela rua Aimorés e pela avenida João Pinheiro até a Praça da Liberdade. O percurso pode ser esticado a critério de cada um, principalmente na região do Parque Municipal. O importante é que a rota seja identificada através de faixas de sinalização (em azul, por exemplo), para evitar que o turista se perca. Utopia? Em um país que ainda não acordou para o turismo, pode ser. Eu, particularmente, prefiro acreditar que esta é uma boa ideia. Quem sabe alguém da administração pública resolve acreditar também?

Foi apenas sonho de uma noite de verão ou em breve teremos a nossa rua de lazer no bairro Floresta?

Verão. Segunda-feira, sete e meia da noite. Sob um calor de 34 graus acabo de fazer minha caminhada na Praça Comendador Negrão de Lima, aqui no bairro Floresta. Apesar do nome pomposo, a Negrão de Lima é uma pracinha de apenas 30 por 60 metros, onde dou voltas e mais voltas com a sensação de que praticamente não saí do lugar, tão grande é o número de vezes que as mesmas imagens se repetem diante dos meus olhos. Seu grande mérito é ser uma ilha de relativo sossego no meio do trânsito caótico que se instaurou no quadrilátero formado pelas ruas Itajubá, Salinas, Jacuí e Pouso Alegre. Estou impressionado com o que vi. Num dado momento, contei 42 adultos de diversas faixas etárias, 7 crianças, 5 cães e dois bebês com as respectivas mamães e carrinhos dando voltas na pracinha. Sem considerar as pessoas que só estavam de passagem por lá na hora da contagem. Um verdadeiro pandemônio. Pessoas correndo ou caminhando em ambos os sentidos, cada um no seu ritmo, entre cães e crianças afoitos, todos disputando a unhas e dentes o seu espaço. Eu mesmo fui obrigado várias vezes a sair da calçada e dar alguns passos no asfalto para me desviar de pessoas que vinham em sentido contrário, correndo sério risco de ser atropelado. Só há uma explicação para tal afluxo de pessoas a um local tão confinado: a falta de áreas de lazer no bairro Floresta. Se diante de tantos inconvenientes os moradores continuam afluindo à Negrão de Lima em número cada vez maior, o motivo não pode ser outro senão a absoluta falta de opção. Foi pensando nisso que imaginei a requalificação urbana da Sapucaí, transformando-a em rua de pedestres entre o viaduto Santa Tereza e a avenida Francisco Sales. A ideia não é nova. Já existem várias ruas de pedestres em Belo Horizonte e outras grandes cidades do mundo. No caso da Sapucaí poderia ser implantada uma pista exclusiva para ciclistas, além de sanitários, bebedouros e aparelhos para a prática de exercícios físicos, as chamadas academias ao ar livre. A Sapucaí é uma rua interessante. Segregada do centro da cidade por estar do outro lado da linha de trem, acabou se tornando uma via marginal em todos os sentidos: encontra-se isolada das manifestações culturais e artísticas que se desenvolvem do lado de lá; funciona como abrigo de marginalizados que ali se escondem dos aparelhos de repressão; e passa despercebida daqueles que frequentam a Praça da Estação e a Serraria Souza Pinto, seus nobres vizinhos. Até as intervenções urbanas que ocorrem por lá passam despercebidas da população, o que as torna suscetíveis de permanência no tempo sem que ninguém dê pela coisa. É o caso da obra de restauração do casarão da foto, que vem se arrastando há anos. Essa marginalidade, que para muitos seria um empecilho, para outros vem se transformando em oportunidade de divulgar suas idéias, seu espírito inovador, seu lado criativo. A Salumeria Centrale e o restaurante Pecatore são dois bons exemplos. Localizados um ao lado do outro, bem no inicio da Sapucaí, a Salumeria é uma casa “dedicada ao preparo dos produtos de carne de porco, presunto, salame, enfim, frios de forma geral”, e o Pecatore serve pratos finos que têm como ingrediente principal o peixe que o próprio cliente escolhe em uma banca, como nos mercados. Mais recentemente um novo empreendimento veio se juntar a esses dois pioneiros, trazendo em seu bojo a mesma ideia de requalificação da Sapucaí. Trata-se do Benfeitoria, um bar que também funciona como espaço cultural alternativo e que já chegou mostrando a que veio: conseguiu trazer para a rua um tipo de instalação que é o novo xodó dos belorizontinos, o Parklet, espécie de mini praça com “banquinhos, plantas, lixeiras e até estacionamento para bike”. Não é à toa que esse pessoal redescobriu a Sapucaí. Quem passa por lá vislumbra ângulos belíssimos e pouco explorados pelas lentes fotográficas: a silhueta da cidade recortada de prédios, os arcos do viaduto Santa Tereza emergindo do verde do Parque Municipal, o vai-e-vem das composições do metrô e dos usuários da Estação Central e, em primeiro plano, a charmosa amurada de balaústres com seus postes de ferro, preservados como eram no início do século passado. Lá se encontram também atrativos como o prédio da antiga Rede Ferroviária Federal, na esquina de Tapuias, que vem sendo restaurado para abrigar o futuro Centro de Memória Ferroviária, e algumas edificações remanescentes da época da construção da capital, sem falar dos prédios que complementam o conjunto arquitetônico da Praça da Estação, vistos dos fundos e de um plano superior. E se observarmos mais atentamente veremos até mesmo um boulevard logo abaixo do nível da rua, hoje uma zona morta e abandonada que poderia ser apropriada pela população, desde que devidamente urbanizada e reintegrada à nova Sapucaí. Mas como transformar a Sapucaí em rua de pedestres sem prejudicar o trânsito dos veículos que a utilizam como acesso ao bairro Floresta? E o acesso às garagens dos prédios que existem no trecho a ser fechado, como fica? Quanto ao acesso ao bairro, a ideia é fazer com que os veículos subam a Assis Chateaubriand e convertam à esquerda na Francisco Sales, retomando novamente a Sapucaí na altura da Faculdade Estácio de Sá. E quanto ao acesso às garagens dos prédios, nada impede que seja permitido com exclusividade, como já acontece nos quarteirões fechados da Savassi e da Praça 7. Gostaram da ideia? Então divulguem, opinem, participem. Quem sabe assim a gente consegue sensibilizar a administração pública e o Floresta ganhe a sua tão sonhada área de lazer?

Acredite se quiser: até Carlos Drummond de Andrade e Geraldo Vandré entraram na minha história

Até agora eu falei sobre os prazeres da caminhada na minha vida. Como nem tudo são flores, neste artigo vou falar dos obstáculos que enfrento ao voltar do trabalho, as pedras no caminho, como diria Drummond. Mas pra não dizer que não falei das flores, como diria Vandré, vou revelar também as agradáveis surpresas com que me deparo nessas andanças. Agora que esclareci a participação do Carlos e do Geraldo nessa história, vamos aos fatos. Como já disse anteriormente, todos os dias volto do trabalho caminhando cerca de 4 quilômetros até o ponto de parada do ônibus que me leva ao bairro Floresta, onde moro. O meu trajeto: Viçosa, Contorno, Pernambuco, Getúlio Vargas, Ceará, Brasil e Maranhão até o Hospital Militar. O primeiro obstáculo que encontro no caminho é a travessia da Contorno, altura da Padre Odorico. O trânsito de veículos é intenso no local e não há faixa de pedestres. Muitas vezes tenho que atravessar um lado da avenida e aguardar no canteiro central até que seja possível atravessar com segurança para o outro lado. Mas há outras travessias que exigem muita atenção da minha parte. São as da Ceará com Gonçalves Dias, Ceará com Bernardo Guimarães e Ceará com Timbiras. Em nenhuma delas há faixa de pedestres. (ver atualização) Atenção BHTRANS! Seria prudente colocar faixas de pedestres nesses locais. Entretanto, os maiores obstáculos do trajeto estão nas calçadas, que de uma maneira geral se encontram em lastimável estado de conservação, cheias de buracos e remendos. Sem falar nas que foram executadas totalmente em desacordo com a boa técnica, um verdadeiro desrespeito ao pedestre. Para não me estender muito, vou citar apenas alguns exemplos: Calçada do Banco Safra na Pernambuco: totalmente desnivelada; Calçada da Escola Estadual Bueno Brandão na Getúlio Vargas: cheia de buracos e remendos; Calçadas dos prédios da Ceará entre Carandaí e Brasil: cheias de buracos; Calçadas da Brasil entre Padre Rolim e Francisco Sales: cheias falhas e ondulações; Calçada do prédio de nº 310 da Maranhão: totalmente desnivelada. Há também um ponto do trajeto que não é bem um obstáculo – talvez a questão seja exatamente a falta de obstáculos – mas me causa frio na espinha. É o posto de combustíveis situado na Rio Grande do Norte com Getúlio Vargas. O posto tem diversas entradas e saídas de veículos, o que significa risco constante para o pedestre. Outro dia, no momento em que eu atravessava a Rio Grande do Norte um veículo vindo da Getúlio Vargas cruzou a faixa de pedestres e quase me atropelou. O motivo? A motorista queria abastecer o seu carro e aproveitou que o sinal estava fechado para os veículos que subiam Rio Grande do Norte e entrou a toda no posto. Só se esqueceu de que era a vez dos pedestres. Atenção Prefeitura! É preciso disciplinar o acesso de veículos ao local. Mais obstáculos no meu trajeto: duas obras paralisadas cujos tapumes ocupam metade da calçada. Uma fica na esquina de Ceará com Gonçalves Dias e a outra (caindo aos pedaços) na avenida Brasil, ao lado do nº 478 (foto abaixo). Tudo bem que por lei o tapume pode avançar até a metade da calçada, mas no caso de obras paralisadas por muito tempo os responsáveis não deveriam retirá-lo e restituir à população o espaço tomado? Esta vai para o Conselho Regional de Engenharia: o que pode ser feito para resolver este impasse? Finalmente vamos às surpresas, que ficam por conta da Praça da Savassi e seu entorno: – Surpresa nº 1: o quarteirão da Pernambuco entre Fernandes Tourinho e Getúlio Vargas, que foi providencialmente fechado ao trânsito de veículos e se tornou um local bastante agradável e seguro para o pedestre, assim como os outros quarteirões fechados da praça; – Surpresa nº 2: a própria praça com seus belos jardins, suas fontes, seu piso elevado em blocos de concreto intertravado e seus equipamentos de sinalização, tudo planejado de forma a privilegiar o pedestre. Parabéns Prefeitura! Iniciativas como esta são sempre bem-vindas. E agora que fiz minhas críticas e elogios, cabe torcer para que os órgãos envolvidos se sensibilizem e façam sua parte, corrigindo as irregularidades apontadas e replicando os bons exemplos. Os pedestres agradecem!

Como a pasta de couro e outros apetrechos entraram nessa história de voltar do trabalho a pé

No artigo anterior eu explico como depois de tanto quebrar a cabeça acabei descobrindo a melhor maneira de fazer a minha caminhada diária. Agora vou contar mais alguns detalhes dessa história. Como vocês viram, não deu certo caminhar antes de ir para o trabalho… … nem depois de chegar em casa após a labuta. Também não deu certo ir de casa para o trabalho a pé e voltar de ônibus ou o contrário, ir de ônibus e voltar a pé. No primeiro caso eu transpirava muito e chegava suado ao trabalho, o que era bastante desagradável. No segundo caso eu tinha que transitar à noite em locais ermos e não me sentia seguro. O que deu certo foi voltar para casa fazendo um trajeto misto, caminhada + ônibus, já que a opção de utilizar o carro como meio de transporte estava fora de cogitação. Desta forma passei a caminhar mais à vontade, sem me preocupar com a transpiração. Hoje chego em casa, tomo banho e pronto. Quanto à escolha do itinerário tive um pouco mais de trabalho. Meu objetivo era caminhar por cerca de 50 minutos e ter certeza de que não pegaria ônibus lotado e nem ficaria esperando muito tempo no ponto de parada. Além disso eu queria passar por locais agradáveis, sem colocar em risco a minha segurança. Foram inúmeras tentativas até que acabei pegando o jeito. Mas além de vários trajetos, também experimentei diversas formas de tornar mais eficiente a minha caminhada. Neste sentido, um dos empecilhos que enfrentei desde o início foi como levar os papéis e outros pertences que sempre carrego comigo. Naquela época eu tinha uma pasta de couro com alça de mão e algumas divisões internas, e não pensei duas vezes: passei a andar com a pasta pra todo lado. Mas logo desisti da ideia, a pasta era mais pesada do que tudo o que havia lá dentro. Depois passei a usar aquele tipo de pasta que se ganha em seminários, simpósios e congressos. Durante algum tempo acreditei que havia encontrado a solução. O peso era bem menor e cabia tudo o que eu levava na pasta de couro. Mas logo notei que o uso de pastas com ou sem alça, de couro ou não, tinha um inconveniente. Tolhia os meus movimentos e todo mundo sabe que para se fazer uma boa caminhada é preciso liberdade de movimentos, principalmente o dos braços. Aí experimentei eliminar alguns pertences e levar somente o estritamente necessário, nos bolsos. Também não deu certo. Além de ficar mais vulnerável a assaltos, sempre havia algo que não cabia nos bolsos e eu tinha que me virar com alguma sacola ou envelope de papel. Era como desvestir um santo para vestir outro. Até que um dia vi o meu cardiologista – um sujeito sisudo – voltando a pé do trabalho, mochila nas costas. Lépido como uma lebre. Então fui logo pensando, porque não experimentar a mochila? E comprei uma bem leve, para carregar o estritamente necessário. Agora caminho a passos largos e em ritmo acelerado, como manda o figurino, como sempre quis. E o melhor, mantendo a postura correta. Mas ainda existe outro apetrecho que não dispenso. É o abafador de ruídos, aquele pequeno cilindro de espuma que se introduz nos ouvidos. Afinal, quem nunca se irritou com sirene de ambulância ou carro de polícia querendo passar por cima de todo mundo em dia de trânsito congestionado? E mais ainda, com a sinfonia de buzinas que se segue, como se os que estão à frente fossem surdos ou não quisessem dar passagem? É claro que mesmo usando o abafador continuo ouvindo as sirenes, buzinas e outros ruídos urbanos, só que esses ruídos chegam amortecidos aos meus ouvidos. E não podia ser diferente, não é mesmo? Afinal, o nome diz tudo: abafador de ruídos. Mas ainda havia outra questão a resolver, a do calçado. O melhor é o tênis, evidentemente. Mas no caso de quem usa calça e camisa social para trabalhar, como eu, não fica bem, não é mesmo? E sabem como resolvi a questão? Passei a usar sapato do tipo social com solado de borracha flexível, um achado. O que estou usando atualmente é o quarto par da mesma marca que comprei nos últimos anos. Mas já estou pensando em levar um tênis na mochila. Minha próxima meta é ir para o trabalho de sapato social e voltar para casa de tênis.

Avenida Bento Simão

A avenida Bento Simão está situada no bairro São Bento, região sul de Belo Horizonte. O local é arborizado e tranquilo, o que o torna bastante agradável para a prática de caminhada. A pista foi implantada ao longo do canteiro central, entre a rua Professor José Renault e a avenida José Oswaldo de Araújo, e pode ser identificada por tachinhas metálicas do tipo “olho de gato” cravadas no asfalto. Tem 1.200 metros de comprimento em circuito fechado, sendo utilizada tanto por caminhantes quanto por praticantes de corrida. De terça a domingo o lado esquerdo de quem sobe a avenida é fechado ao trânsito de veículos, exceto o quarteirão entre as ruas Professor José Renault e Coronel Antônio Garcia de Paiva. Entre as ruas Professor José Renault e José Mota Magalhães a subida é leve, mas daí em diante até a esquina com a avenida José Oswaldo de Araújo a subida é um pouco mais acentuada. Quem mora na parte alta do bairro pode acessar a pista de caminhada através de uma escada que liga a rua Helena Antipoff à avenida, na altura da rua Antônio José Andrade. Facilidades: – Há ponto de venda de água de coco e água mineral; – Há barras para exercício físico no canteiro central da avenida; – A região é servida por 3 linhas de ônibus (8103, 8101 e 9101); – Há ponto de táxi nas proximidades.  Pontos de atenção: – O local deve ser evitado à noite; – O local deve ser evitado em horários de sol a pino; – Há trânsito moderado de veículos bem rente à pista.

Praça Lagoa Seca

A Praça Lagoa Seca está localizada na região sul de Belo Horizonte, no bairro Belvedere, próximo ao BH Shopping e a saída para a cidade de Nova Lima. É uma das poucas áreas verdes que sobreviveram à recente verticalização do Belvedere, que se transformou, nos últimos 15 anos, em uma das regiões mais cobiçadas da cidade, com a construção de inúmeros prédios residenciais de alto luxo. É um bom local para a prática de caminhada, embora a lagoa não exista mais e a praça que se formou em seu lugar não tenha tido um tratamento paisagístico. O local é plano e arborizado. A pista externa é de pedra portuguesa e encontra-se em boas condições. Tem 750 metros de comprimento em circuito fechado e 3 metros de largura útil. É utilizada tanto por caminhantes quanto por praticantes de corrida. Facilidades: Há equipamentos públicos para a prática de exercícios físicos; Há nas proximidades alguns bares e lanchonetes que vendem refrigerantes e outras bebidas; Algumas linhas de ônibus que servem ao BH Shopping podem ser utilizadas para acessar o local; Nos fins de semana há ponto de venda de água de coco. Pontos de atenção: Há trânsito de veículos nas ruas adjacentes à pista, mas apenas trânsito local; O local deve ser evitado à noite. Foto de abertura: Divulgação/Valore Imóveis

Avenida Bandeirantes

A avenida Bandeirantes está localizada no bairro Mangabeiras, na divisa entre os bairros Serra, Anchieta e Sion, região sul de Belo Horizonte. A pista de caminhada foi implantada no trecho da avenida que liga a Praça da Bandeira à Praça JK, do lado esquerdo de quem segue neste sentido. Tem 1500 metros de extensão, é asfaltada e está em boas condições, sendo utilizada tanto por caminhantes quanto por praticantes de corrida e ciclistas. É um dos locais mais procurados pelos belorizontinos para a prática de caminhada, embora a avenida não seja totalmente arborizada e a topografia seja ligeiramente acidentada. Facilidades: – Há bebedouros e equipamentos públicos para a prática de exercícios físicos na vizinha praça JK; – Há ponto de venda de água de coco e água mineral, também na Praça JK; – O local é servido por algumas linhas de ônibus. Pontos de atenção: – O local deve ser evitado à noite; – O local deve ser evitado em horários de sol a pino; – Há trânsito de veículos junto à pista, que tem limitadores do tipo “bolas de concreto”. Foto de abertura: Denise Niffinegger

Lagoa da Pampulha

A Lagoa da Pampulha é o principal cartão postal de Belo Horizonte. Fica na região norte da cidade, a 9 km do centro. No trecho mais conhecido da lagoa estão algumas das principais atrações turísticas de BH como a Igreja de São Francisco de Assis, mais conhecida como Igreja da Pampulha, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) e a Casa do Baile, além do Estádio Governador Magalhães Pinto, ou simplesmente Mineirão, e o ginásio de esportes Mineirinho. Uma opção interessante é começar a caminhada em frente à Casa do Baile e seguir até a Igreja da Pampulha. São aproximadamente 2.400 metros de extensão, mas quem quiser pode seguir adiante. Vale a pena. Outra opção é começar em frente ao Museu de Arte da Pampulha e seguir em direção ao Pampulha Iate Clube (PIC). Em frente ao PIC há uma área de lazer com equipamentos públicos de ginástica. Até este ponto são aproximadamente 1.100 metros, mas pode-se esticar a caminhada um pouco mais. É muito agradável caminhar pela sinuosa orla da lagoa, que apresenta um belo visual a cada curva. O local é plano e arborizado. A pista é de cimento, tem nada menos que 18 km de extensão em circuito fechado e encontra-se em boas condições. É utilizada tanto por caminhantes quanto por praticantes de corrida. Em alguns trechos há pista exclusiva para bicicletas. Facilidades: – Há equipamentos públicos para a prática de exercícios físicos no local; – Há pontos de venda de água de coco e água mineral; – O local é servido por algumas linhas de ônibus; Pontos de atenção: – Há transito de veículos na orla, mas a pista é bem protegida. Foto de abertura: Carlos Avelin