BH: você vai se surpreender com esta cidade!

Você sabia que o caminhada.org tem roteiros a pé que são um verdadeiro passeio pela história de Belo Horizonte? Tem roteiro que une duas praças pra lá de importantes e passa por nada menos que 23 belíssimas construções do início do século passado (veja aqui); Edifício Parc Royal situado à rua da Bahia – Foto: divulgação Governo de Minas Tem roteiro que nos revela um pequeno (e praticamente desconhecido) parque situado entre ladeiras e termina na praça mais animada da cidade (veja aqui); Tem roteiro que começa em sofisticado clube do bairro Lourdes, envereda por bares e restaurantes tradicionalíssimos e termina em um dos mais completos mercados do país (veja aqui); Mercado Central de Belo Horizonte Tem roteiro que começa no bairro que abrigou os primeiros funcionários da cidade e termina no colégio onde se conhece a obra de Niemeyer interagindo com a obra do próprio Niemeyer (veja aqui); Tem roteiro que percorre um dos parques urbanos mais importantes do país e segue por diversificado corredor cultural até um palacete construído no final do século 19 (veja aqui); Casa do Conde de Santa Marinha, construída em 1896 – Foto: Gustavo Werneck Tem roteiro que une uma antiga e preservada fazenda do século 19 a moderno Shopping Center, mostrando que em BH é possível a convivência entre passado e presente (veja aqui). Antiga sede da Fazenda do Leitão, hoje Museu Histórico Abílio Barreto – Foto: Robert Serbinenko Tem roteiro para todos os gostos, não é mesmo? E se você prestou atenção, tem algumas curiosidades também: um abrigo antiaéreo da época da 2ª guerra, uma avenida de apenas 120 metros de extensão e um viaduto de 25 metros de altura que já foi escalado por jovens escritores que mais tarde se tornariam famosos. Portanto, são diversas opções para não se perder em BH e nem perder o que a cidade tem de melhor. E então, o que você está esperando? Venha se surpreender com esta cidade!

Eu curto esse circuito. E recomendo!

A noite na Pampulha ficou mais cult. É que às terças-feiras vem acontecendo por lá o Circuito Pampulha Noturno. Promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, o programa inclui atividades culturais, artísticas e de lazer no Museu de Arte da Pampulha, na Casa do Baile, na Casa Kubitschek, no Iate Tênis Clube, no Museu Brasileiro do Futebol, que funciona no Mineirão, e em outros espaços. Casa do Baile à noite – Foto: Glênio Campregher  É uma boa opção para quem quer apreciar o Conjunto Moderno da Pampulha – Patrimônio Cultural da Humanidade – e ao mesmo tempo, fazer um programa diferente. As atividades acontecem das 17 às 21 horas e a ideia, segundo os organizadores, “é fazer dos espaços já visados para turismo um ambiente de aprendizado e entretenimento fora do seu horário comum de funcionamento”. Além das atrações fixas, é possível fazer uma viagem no tempo, voltando aos anos dourados, quando JK e Niemeyer se uniram para conceber a Pampulha. É só embarcar na “jardineira” Chevrolet 1957 que circula pela orla da Lagoa e curtir o Pampulha Retrô Tour. A “jardineira” tem motorista e guia devidamente caracterizados com trajes dos anos 50 e para nos principais pontos turísticos da Pampulha. A viagem custa 20 reais por pessoa, com direito a 4 embarques/desembarques. Mas quem gosta de caminhar ou correr na orla da Lagoa também saiu lucrando com a iniciativa. Depois da atividade física, a dica é matar a fome na Praça Dalva Simão, onde toda terça-feira à noite acontece o “Encontro de Food Truck”. “Encontro de Food Truck” na Praça Dalva Simão – Foto: Ricardo Laf Então, o que você está esperando? Acesse aqui a programação e curta você também este circuito! Imagem de abertura: Divulgação Prefeitura de Belo Horizonte

Adelante Madrid!

Abri o Conexão Planeta no último dia 29 e me deparei com a seguinte notícia: “Madri abre espaço para ciclistas, pedestres e árvores em sua principal avenida”. O artigo é assinado pela jornalista Mônica Nunes (leia mais) e revela que o projeto apresentado pela prefeita Manuela Carmena será concluído em 8 meses, “seguindo a tendência mundial de humanizar as cidades”. Duas fotos ilustram a matéria. A primeira, uma montagem, mostra como ficará a Gran Via após as intervenções e a segunda, como é hoje a avenida. As fotos retratam bem a ousadia da prefeita (um Viva! às mulheres). Na foto de hoje, pedestres contidos  por barras de ferro nas calçadas, árvores mirradas, nenhuma bicicleta na rua. A Gran Via hoje – Foto: Divulgação Prefeitura de Madri / Conexão Planeta Na outra, calçadas largas, muitas árvores, idosos, crianças e… bicicletas convivendo com os automóveis. A Gran Via após a intervenção da Prefeitura – Foto: Divulgação Prefeitura de Madri / Conexão Planeta Conforme ressalta Mônica, o projeto “nitidamente privilegia pedestres e ciclistas. Como é desejável em qualquer cidade que se importa, de verdade, com as pessoas, os carros particulares perderão espaço”. E como! Observem que as calçadas, hoje estreitas, serão alargadas e as faixas de automóveis, hoje quatro (duas para cada mão direcional), serão reduzidas a duas (uma para cada mão direcional). Mas os automóveis perderão não só espaço. Perderão também velocidade: terão que trafegar no máximo a 30 km por hora. E compartilhar a faixa com as bicicletas! É isso mesmo! Automóveis e bicicletas compartilhando o mesmo espaço. Pelo menos é o que espera a Prefeitura de Madri, que “promete se empenhar num plano de pacificação do trânsito”, diz Mônica. Vou torcer para que dê certo! Assim Madri se unirá a outras cidades que já adotam medidas de proteção ao ciclista e ao pedestre mundo afora, reforçando a tese de que as cidades devem ser planejadas em função do homem e não do automóvel. Um bom exemplo para Belo Horizonte e outras metrópoles brasileiras! Adelante Madrid!

No domingo sou dono da rua. E você?

Você conhece o Programa “No Domingo a Rua é Nossa” da Prefeitura de Belo Horizonte, que desde 2010 fecha diversas ruas da cidade ao trânsito de veículos e as transforma em áreas de lazer? Não conhece? É uma pena, mas você não está só. Através de comentários feitos aqui no caminhada.org, percebi que muita gente também está no mesmo barco. Por isso, resolvi divulgar a lista das ruas e avenidas participantes. Anote aí: Avenida Otacílio Negrão de Lima – Pampulha; Av. Bandeirantes – Mangabeiras; Av. Silva Lobo – Grajaú; Av. Prudente de Morais – Cidade Jardim; Praça Raul Soares – Centro; Av. Senador Lima Guimarães – Buritis; Rua Branca – Jardim Vitória; Av. Bernardo Vasconcelos – Cachoeirinha; Av. José Candido da Silveira – Cidade Nova; Av. Petrolina – Sagrada Família (ALERTA: local excluído do Programa – confira aqui); Rua Sarandi – Esplanada; Praça Olaria – Olaria; Rua Matutina – Industrial; Av. Henrique Badaró Portugal – Estrela Dalva; Rua Santa Inês do Alto – Barreiro; Avenida dos Clarins – Califórnia; Rua Domício Gabriel de Vasconcelos – Vale do Jatobá; Praça do México – Concórdia; Rua Alto Guandu – São Paulo; Rua General Ephigênio Ruas Santos – Itapoã; Avenida Getúlio Vargas – Savassi. A ideia é fazer com que as pessoas se apropriem dessas ruas, sintam-se donas do pedaço e impeçam que os automóveis retomem o espaço conquistado. Apenas uma ressalva: com exceção da avenida Getúlio Vargas, incluída recentemente no Programa, os demais locais fazem parte da lista de dezembro de 2015 da Prefeitura – não encontrei lista mais atualizada – e, de lá para cá, pode ter havido outras alterações. O que posso garantir é que as avenidas Bandeirantes, Prudente de Morais e José Cândido da Silveira continuam firmes no Programa, pois caminhei recentemente nestes locais. Domingo na avenida Bandeirantes – Foto: Denise Niffinegger  Domingo na avenida Prudente de Morais – Foto: José Walker Quanto aos outros locais, que tal constituirmos uma rede de informação para atualizar a lista? Por exemplo: quem mora no Grajaú poderia informar a situação da avenida Silva Lobo, quem mora no Buritis a situação da Av. Senador Lima Guimarães, e assim por diante. Da mesma forma, quem souber de novas ruas que estejam participando do Programa, é só avisar. Estamos combinados? Foto de abertura: divulgação Catraquinha

Domingo na Savassi

Cumprindo promessa que fiz a mim mesmo, a cada domingo venho caminhando em um local diferente aqui em BH. Ontem pela manhã fui conferir o que anda rolando na Savassi. E gostei do que vi! A avenida Getúlio Vargas fechada ao trânsito de veículos em ambos os sentidos, desde o cruzamento das ruas Rio Grande do Norte/Inconfidentes até o cruzamento com as ruas Alagoas/Fernandes Tourinho. A avenida Cristovão Colombo também fechada em ambos os sentidos, desde a avenida do Contorno até o cruzamento com as ruas Alagoas/Tomé de Souza. Um animado torneio de peteca em plena Praça da Savassi, com jogadores uniformizados, juiz e torcida organizada, tudo como manda o figurino. Jogo de peteca em plena Praça da Savassi  Um grupo de músicos tocando MPB em frente a um dos espelhos d’água da Praça. A alegria das crianças andando de bicicleta ou no pula-pula montado em plena avenida, a descontração dos adultos, a sensação de liberdade que pairava no ar. Família reunida na Praça da Savassi Porém, o que mais me agradou foi o fato de me apropriar de um espaço público normalmente destinado aos automóveis. A indescritível sensação de caminhar livremente, sem ouvir o ronco dos motores e a balbúrdia das buzinas, sem me preocupar com a poluição do ar. Eu me senti realmente dono do pedaço, dono da rua, verdadeiro cidadão! A tranquilidade da avenida Getúlio Vargas sem os automóveis Terminei a caminhada mais leve, de bem com a vida. Entrei no carro – ainda não me livrei totalmente do automóvel – e me deixei levar. Quando dei por mim estava em frente à Igreja do Carmo. Eram 11 da manhã. Subi a escadaria e entrei na igreja. Estava começando, naquele exato momento, a missa de Frei Cláudio. Peguei o folheto e fui direto à última parte, aquela em que Frei Cláudio fala diretamente a cada um dos leitores. A mensagem resumia tudo o que eu tinha vivido naquela manhã: “… Não se trata de um Deus que, previamente, está presente de forma fixa, estática. Pelo contrário, ele ondula em relações harmoniosas. Manifesta-se impulsionando um movimento que promove algo sublime, traz nova riqueza à vida e nobre valor à condição humana, integrando-nos no mistério divino e permitindo que a fé enriqueça nossa cidadania”. Foi ou não foi um domingo abençoado? Foto de abertura e fotos inseridas no texto: Lude G.B. 

Acima de tudo a ciclovia

7.600 metros de pista para pedalar à vontade. E o que é melhor, sem se preocupar com os automóveis. Só há um porém: para desfrutar esta maravilha você tem que ir à China! Isso mesmo. Desde fevereiro os chineses da cidade de Xiamen – e os visitantes que se aventuram por aquelas bandas – têm a sua disposição uma ciclovia elevada de quase 8 km de extensão, a maior do mundo! Foto: Dissing + Weitling – Divulgação É como se fôssemos da Rodoviária ao Mineirão pedalando, sem qualquer interferência. A ciclovia, projetada pela Dissing + Weitling (Dinamarca), interliga bairros residenciais e centros financeiros e se conecta com outros sistemas de transporte público, facilitando o deslocamento da população. Conta com estações de bicicletas e é bem iluminada, para garantir a segurança dos usuários à noite. Fiquei sabendo da novidade através de matéria publicada no Conexão Planeta pela jornalista Mônica Nunes (veja a matéria completa aqui). E tem mais. Segundo o pessoal da CicloVivo, “todo o conceito do projeto foi desenvolvido há cerca de oito anos por estudantes do ensino médio no concurso anual de Ciência e Tecnologia da Juventude da cidade de Xiamen” (confira aqui). Vejam só: estudantes do ensino médio! Sinal de que a China vem investindo pesado na educação de base. Mas o que gostei mesmo foi do tratamento dispensado ao pedestre, que dispõe de faixa exclusiva, devidamente sinalizada, e compartilha com o ciclista o privilégio de trafegar livre da incômoda presença dos automóveis. Aliás, a ideia de utilizar vias elevadas para livrar o pedestre e, porque não o ciclista, do trânsito de veículos só vem reforçar o que eu já havia imaginado anteriormente para BH (veja aqui e aqui também). Mais do que justo. Em se tratando de mobilidade urbana, ciclistas e pedestres merecem toda a atenção e respeito. São cidadãos “limpos”, não poluem o ambiente. É a China dando o seu recado, investindo em energia limpa. Um belo exemplo para os demais membros do BRIC. Mas será que Brasil, Rússia e Índia têm avançado neste sentido? Temo que a resposta seja não. Uma coisa, porém, é certa: a continuar desse jeito, em breve perderemos o “C” da questão. Foto de abertura: www.news.cn

A Serra do Curral é nossa!

Um dos meus locais de caminhada preferidos em Belo Horizonte é a “Pista de Cooper” do Mangabeiras, um dos bairros residenciais mais charmosos da cidade. Fica na avenida José do Patrocínio Pontes (Anel da Serra) e o que me atrai ali é o fato de caminhar aos pés da Serra do Curral, admirando sua imponência, suas linhas sinuosas, sua beleza agreste. Avenida José do Patrocínio Pontes – Fonte: bhturismo.wordpress.com Só uma coisa me incomoda. Em meio a cenário tão deslumbrante, um único corpo estranho: o prédio onde funcionou o famoso Instituto Hilton Rocha, hoje desocupado. E não é um prédio qualquer! São 15 mil metros quadrados de construção em concreto, vários pavimentos, anexos e rampas de acesso, sem contar as áreas de estacionamento de veículos e os muros de arrimo. Antigo Instituto Hilton Rocha – Fonte: bhturismo.wordpress.com Nem foi construído em um local qualquer! A Serra do Curral é o mais importante marco geográfico da capital mineira. Tombada por lei federal em 1960, é símbolo afetivo da cidade e corredor ecológico de ligação entre dois parques estaduais: Serra do Rola Moça e Baleia. Mas como conseguiram erguer um hospital de grande porte em área exclusivamente residencial, tombada por lei federal e ainda por cima, estrangulando importante corredor ecológico? Tudo começou na década de 70, quando influente general de Brasília veio se tratar com famoso oftalmologista de Belo Horizonte. O tratamento foi um sucesso e o médico confessou ao militar que seu grande sonho era construir um hospital aos pés da Serra do Curral. O final da história é fácil imaginar: mexeram-se alguns pauzinhos, abriu-se uma brecha na legislação e pouco tempo depois inaugurava-se o hospital. O Instituto Hilton Rocha – assim se chamava o estabelecimento – tornou-se referência em oftalmologia e funcionou até 2002, quando foi fechado devido a dificuldades financeiras. Agora querem instalar ali um hospital oncológico, ampliando a construção, aumentando o número de pavimentos, rasgando o subsolo para construir um megaestacionamento. Nada contra o empreendimento. Mas tem que ser ali? Se o problema é a ocupação do prédio, que tal uma destinação que não requeira ampliação? Que promova a reconstituição do ambiente natural, com a demolição dos anexos, a reconstituição do solo e o replantio de espécies nativas? Não vamos permitir que se repitam os erros do passado! Vamos defender a Serra do Curral. A Serra do Curral é nossa! Foto de abertura: Fabiano B. Diniz    

O clamor de um “rio invisível”

No último domingo fiz a minha caminhada na avenida Prudente de Morais (para quem não sabe, nos domingos a pista da avenida no sentido centro-bairro é fechada ao trânsito de veículos, desde a rua Joaquim Murtinho até a rua Acaraú). Local plano, gente bonita, sol e sombra na medida certa, pista sem obstáculos, tudo de bom! Domingo na Avenida Prudente de Morais – Foto: Robert Serbinenko/IVPIX Melhor ainda porque voltei aos tempos de criança, quando ia à casa de meus avós na rua Bernardo Mascarenhas, de onde divisava não a avenida, mas o córrego do Leitão, que ainda não havia sido canalizado. Naquela época – corriam os anos 60 – acelerava-se o processo de verticalização de Belo Horizonte. Não só o Leitão, mas também outros córregos que cortam a chamada Zona Urbana já estavam canalizados ou prestes a ser canalizados. Eu era muito criança para saber o que significa canalizar um curso d’água. Só mais tarde vim a saber que isto poderia ser evitado se o processo de ocupação urbana não se desse de forma tão desordenada, como acontece na maioria das nossas cidades. Mas voltemos ao último domingo. Eu me lembrava de ter lido algo a respeito do córrego do Leitão no curraldelrei.blogspot e ao chegar em casa fui direto ao computador. E lá estava toda a história. Século XIX. Leitão e Capão. Duas fazendas e suas benfeitorias, plantações, engenhos, olarias. Duas famílias: Cândido da Silveira e Ferreira da Luz. O começo de tudo. A virada do século. A necessidade de abastecer de víveres a capital recém-inaugurada. A desapropriação das terras. A Colônia Agrícola. As décadas de 20 e 30. Os pioneiros em busca de terra e trabalho. As primeiras ocupações. O bairro Santo Antônio. Os anos 40 e 50. A reforma da Fazenda do Leitão. O Museu Abílio Barreto. O início da ocupação da margem esquerda. A administração JK. O bairro Cidade Jardim. Vista do bairro Cidade Jardim em 1955 (à esquerda o córrego do Leitão, ainda não canalizado) – Fonte: APCBH – Acervo José Góes Os anos 50 e 60. O início da verticalização. As favelas: Querosene, Alvorada, Morro do Papagaio. Os anos 70. O crescimento desordenado. A falta de saneamento. A canalização do córrego do Leitão. A avenida Prudente de Morais. Muita história, não é mesmo? Qualquer domingo desses eu volto lá na avenida, colo o ouvido no asfalto e anuncio pra todo mundo: estou escutando o clamor de um “rio invisível” que corre aqui embaixo, venham escutar também! Mas quem não quiser ficar só na escuta pode clicar aqui e conhecer um pouco mais dessa história. Imagem de abertura: antiga sede da Fazenda do Leitão, em 1940 – Fonte: Arquivo Público Mineiro / Acervo do Dr. Vicente de Andrade Racioppi

Calçada não é cilada!

Abril é mês de Calçada # Cilada em todo o país. Com esta chamada a jornalista Suzana Camargo do Conexão Planeta nos convoca a participar de uma campanha para “mobilizar pessoas e governantes de todo o Brasil sobre a importância da manutenção e qualidade das calçadas e seu impacto na saúde, segurança e mobilidade dos cidadãos” (mais detalhes aqui). A campanha é nacional e está sendo promovida pela rede de voluntários Corrida Amiga durante este mês de abril. A rede Corrida Amiga, explica Suzana, “trabalha para inspirar a população a trocar o carro pelo tênis e mostrar como esta mudança gera liberdade, autonomia e transforma a relação entre as pessoas e com a cidade”. Parabéns ao pessoal da rede Corrida Amiga. O caminhada.org, é claro, apoia a iniciativa e convoca todos os belo-horizontinos a participar da campanha. Enviem suas fotos, denunciem! Calçada pode até rimar com cilada, mas combina mesmo é com caminhada! E não custa lembrar que em BH, como na maioria das cidades brasileiras, a calçada é de responsabilidade do munícipe, ao contrário de outros países, onde o responsável pela calçada é o poder público (veja aqui artigo que publiquei recentemente sobre o assunto). Para finalizar, vou repetir o que já disse anteriormente: precisamos resgatar em cada um de nós o sentimento de pertença, tão esquecido ultimamente. A cidade é nossa e nós somos a cidade. A rua é a extensão da nossa casa e a calçada o nosso cartão de visitas. Imagem em destaque: calçada na avenida Paulista – Urbanitas

Um edifício chamado Sulacap

Em artigo que publiquei anteriormente eu explico como, ao imaginar uma rota turística a pé pelo centro de Belo Horizonte, acabei esbarrando no Edifício Sulacap dos meus tempos de criança. O assunto repercutiu e agora vou compartilhar com vocês alguns fatos interessantes que descobri a respeito deste verdadeiro ícone da arquitetura belo-horizontina. A Praça Tiradentes O que chamou a minha atenção logo de cara é que, originalmente, nenhuma construção estava prevista no local onde se encontra o prédio do Sulacap. O terreno fazia parte de uma área não edificável e era destinado à implantação de uma praça, a Praça Tiradentes. A praça seccionaria a avenida Afonso Pena e incorporaria, além do terreno do Sulacap, o terreno onde se encontram hoje o Edifício Guimarães, o Castelinho e a Garagem São José, entre outras edificações. Detalhe da planta original da cidade de Belo Horizonte, elaborada pela Comissão Construtora da Nova Capital em 1895, com indicação da Praça Tiradentes (Fonte: APCBH / CCNC). Entretanto, a Praça Tiradentes jamais saiu do papel. Ao que tudo indica a Prefeitura desistiu de sua implantação, pois já em 1904 – apenas 7 anos após a inauguração da capital – iniciava-se no local a construção do prédio da antiga sede dos Correios. O prédio dos Correios Seguindo o estilo neoclássico que predominava na época, o prédio dos Correios, pela imponência e riqueza de detalhes, era considerado um dos mais belos da cidade, como se vê na foto abaixo. Fonte: curraldelrei.blogspot.com.br/Arquivo Público Mineiro O “Palácio dos Correios”, como o chamavam, era de fato uma preciosidade, uma verdadeira obra de arte. Mas os administradores da época não pensavam assim e por volta de 1940, infelizmente, deitaram-no abaixo. O Edifício Sulacap No lugar do prédio dos Correios surgia, em 1946, o Conjunto Sulamérica-Sulacap (Edifício Sulacap), projetado pelo arquiteto Roberto Capello. Distribuídas simetricamente em relação ao terreno, duas torres iam, aos poucos, despontando na paisagem. De acordo com Karine de Arimateia e Marco Valério Vinhal, “a implantação dos edifícios foi pensada de maneira a manter uma área não edificada entre eles, configurando uma praça que permitia o fluxo de pedestres entre o viaduto Santa Teresa – por meio de uma escadaria imponente – e a avenida Afonso Pena”. Vista do Conjunto Sulamérica-Sulacap mostrando a área não edificada que existia entre os prédios – Fonte: arquitetosassociados.arq.br Esta área não edificada, situada no plano da avenida Afonso Pena, se projetava no horizonte através de um vão livre que permitia o perfeito enquadramento da avenida Assis Chateaubriand, situada aos fundos, em plano inferior. Era uma das vistas mais interessantes da cidade! Infelizmente, na década de 70 a Prefeitura permitiu a construção de um anexo comercial no local, o que desfigurou completamente o projeto original. Este anexo ou puxadinho, como queiram, além de ocupar o que antes era um espaço público, foi construído em completo desacordo com o restante do conjunto e o que é pior, obstruiu a bela visada que se tinha da avenida Afonso Pena. Hoje o Sulacap é tombado pelo município. Quanto à demolição do puxadinho, segundo reportagem de VejaBH, “entre notificações do Corpo de Bombeiros, intervenção do Ministério Público, processos judiciais e resistência dos lojistas, nenhum projeto saiu do papel” (a reportagem é de 2014). Aí estão os (f)atos. Os feitos e os de(s)feitos. Para reflexão! E já que é para refletir, termino com a pergunta formulada pelo arquiteto Carlos Alberto Maciel: “alguém sabe onde fica o cruzamento entre as avenidas Afonso Pena e Assis Chateaubriand?”