Um dos meus locais de caminhada preferidos em Belo Horizonte é a “Pista de Cooper” do Mangabeiras, um dos bairros residenciais mais charmosos da cidade.
Fica na avenida José do Patrocínio Pontes (Anel da Serra) e o que me atrai ali é o fato de caminhar aos pés da Serra do Curral, admirando sua imponência, suas linhas sinuosas, sua beleza agreste.
Avenida José do Patrocínio Pontes – Fonte: bhturismo.wordpress.com
Só uma coisa me incomoda. Em meio a cenário tão deslumbrante, um único corpo estranho: o prédio onde funcionou o famoso Instituto Hilton Rocha, hoje desocupado.
E não é um prédio qualquer! São 15 mil metros quadrados de construção em concreto, vários pavimentos, anexos e rampas de acesso, sem contar as áreas de estacionamento de veículos e os muros de arrimo.
Antigo Instituto Hilton Rocha – Fonte: bhturismo.wordpress.com
Nem foi construído em um local qualquer! A Serra do Curral é o mais importante marco geográfico da capital mineira. Tombada por lei federal em 1960, é símbolo afetivo da cidade e corredor ecológico de ligação entre dois parques estaduais: Serra do Rola Moça e Baleia.
Mas como conseguiram erguer um hospital de grande porte em área exclusivamente residencial, tombada por lei federal e ainda por cima, estrangulando importante corredor ecológico?
Tudo começou na década de 70, quando influente general de Brasília veio se tratar com famoso oftalmologista de Belo Horizonte. O tratamento foi um sucesso e o médico confessou ao militar que seu grande sonho era construir um hospital aos pés da Serra do Curral.
O final da história é fácil imaginar: mexeram-se alguns pauzinhos, abriu-se uma brecha na legislação e pouco tempo depois inaugurava-se o hospital.
O Instituto Hilton Rocha – assim se chamava o estabelecimento – tornou-se referência em oftalmologia e funcionou até 2002, quando foi fechado devido a dificuldades financeiras.
Agora querem instalar ali um hospital oncológico, ampliando a construção, aumentando o número de pavimentos, rasgando o subsolo para construir um megaestacionamento.
Nada contra o empreendimento. Mas tem que ser ali?
Se o problema é a ocupação do prédio, que tal uma destinação que não requeira ampliação? Que promova a reconstituição do ambiente natural, com a demolição dos anexos, a reconstituição do solo e o replantio de espécies nativas?
Não vamos permitir que se repitam os erros do passado! Vamos defender a Serra do Curral.
A Serra do Curral é nossa!
Foto de abertura: Fabiano B. Diniz