Um passeio pela história de Belo Horizonte
Este roteiro começa no coração de Belo Horizonte, a Praça 7, que fica no cruzamento das avenidas Amazonas e Afonso Pena. É um verdadeiro passeio pela história de Belo Horizonte, com muitas curiosidades e fatos marcantes.
Bem no centro da praça está uma das marcas registradas da cidade, o obelisco conhecido popularmente como “Pirulito da praça 7”, cuja pedra fundamental foi lançada no dia 7 de setembro de 1922, em comemoração ao centenário da independência.
O pirulito, que testemunhou diversas manifestações políticas e comemorações esportivas ao longo dos anos e usou até camisinha gigante em campanha contra a aids, já esteve na praça Savassi, para onde foi transferido em 1963, mas voltou à praça 7 em 1980, depois de grande mobilização popular.
Também fazem parte do conjunto arquitetônico da Praça 7 uma bela edificação do início do século passado, que foi sede do extinto Banco Hipotecário e Agrícola e hoje abriga a Unidade de Atendimento Integrado – UAI Praça 7,
o prédio do também extinto BEMGE – Banco do Estado de Minas Gerais, projeto de Oscar Niemeyer, e o Cine Theatro Brasil, uma construção em estilo art-déco recentemente restaurada, que foi o primeiro cinema de Belo Horizonte e durante algum tempo o prédio mais alto da cidade.
Saindo da praça 7 e seguindo pelo lado esquerdo da Afonso Pena em direção à serra do Curral, faça uma pausa para um cafezinho no tradicionalíssimo Café Nice, um dos ícones da cidade. É o ponto de encontro da velha guarda belo-horizontina, lugar de bater papo, contar casos, ver o tempo passar.
Junto ao Café Nice você verá outro remanescente dos primórdios da capital, o prédio do antigo Banco Moreira Salles, atualmente desocupado, que abrigou o “Instituto Moreira Salles”, espaço cultural que deixou saudades.
Continue em frente e logo adiante está a igreja Matriz de São José, cuja fachada vem sendo restaurada e aos poucos vai mostrando suas cores originais em tons de ocre. Se tiver um tempinho, entre em seu interior e admire a decoração iniciada em 1910, os capitéis das colunas em estilo coríntio, o presbitério e o órgão de tubos datado de 1927.
Saindo pela porta principal da igreja você dará de cara com aquele que foi durante muito tempo o prédio mais alto de Belo Horizonte, o edifício Acaiaca, com seus 25 andares e um detalhe interessante: duas faces de índio simetricamente esculpidas na fachada.
Este prédio, construído durante a II Guerra Mundial, possui em seu subsolo um curioso abrigo antiaéreo, que felizmente nunca foi utilizado.
Ainda neste trecho da Afonso Pena, ao lado da igreja, outro prédio interessante. Trata-se do Castelinho, belo exemplar do estilo neoclássico, bastante utilizado nas construções da capital durante a primeira década do século passado.
Continue caminhando pela Afonso Pena e na esquina com a rua Tupis dê uma olhada à direita. Prensada entre dois espigões está a primeira igreja metodista da cidade e do outro lado da avenida uma interessante construção, o antigo abrigo de bondes que funciona hoje como ponto de informações turísticas.
Vire à direita na rua da Bahia e no meio do quarteirão você verá outra bela construção do início do século passado, o Edifício Park Royal.
Logo adiante, à esquerda, encontram-se duas estátuas em uma pequena praça. É uma homenagem a dois mineiros ilustres, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava,
frequentadores assíduos da famosa Livraria Francisco Alves, que ficava um pouco mais adiante, ali mesmo na rua da Bahia.
A livraria não existe mais, porém o prédio ficou de pé e foi preservado. Ali se encontravam, além de Drummond e Nava, outros intelectuais ligados ao Movimento Modernista de Minas Gerais como Emílio Moura, Abgar Renault, Milton Campos, Gustavo Capanema e João Alphonsus. Iam buscar os livros encomendados à europa.
Ao lado da antiga Livraria Francisco Alves, outra construção antiga, bem na esquina da rua da Bahia com a Av. Augusto de Lima e na esquina diametralmente oposta uma belíssima construção em estilo neoclássico de inspiração portuguesa, com uma grande torre central e seu belo relógio.
Parece igreja, mas não é. A construção, que data do início do século passado, abriga hoje o Centro de Referência da Moda.
Foto: Roberta Soriano
Logo após o Centro de Referência da Moda você verá outra construção antiga e na esquina com a avenida Álvares Cabral, o prédio que foi a sede de um dos primeiros clubes da cidade, o Clube Belo Horizonte e que hoje abriga o Museu Inimá de Paula.
Na esquina com a avenida Álvares Cabral dê uma parada em frente a um pequeno anfiteatro onde há um monumento em aço. Trata-se de homenagem ao jornalista e compositor Rômulo Paes, autor da frase “A minha vida é esta, subir Bahia e descer Floresta”, que retrata a importância da rua da Bahia nos primórdios da capital.
Vire à esquerda e vá descendo a avenida Álvares Cabral. Cruze a praça Afonso Arinos e continue em frente até a avenida Afonso Pena. Você estará diante de um dos mais belos parques urbanos do Brasil, o Parque Municipal Américo Renné Gianetti.
Vire à direita e se surpreenda com a sequência de belos prédios em estilo neoclássico. Primeiro, logo na esquina, o prédio que abriga o tradicionalíssimo Automóvel Clube de Belo Horizonte, onde se encontra um interessante elevador do início do século passado, ainda em funcionamento.
Ao lado do Automóvel Clube, muito bem conservado, o imponente prédio onde funciona o Palácio da Justiça, e mais adiante, o não menos imponente prédio do Conservatório de Música da UFMG, que à noite fica ainda mais bonito com sua iluminação especial.
Em frente ao Conservatório de Música, do outro lado da Afonso Pena está um dos mais importantes centros de arte e cultura do país, o Palácio das Artes. Observe a fachada em brises de concreto e vidro, o espelho d’água e não deixe de conferir a programação do Grande Teatro, um espetáculo à parte.
Continue subindo a arborizada Afonso Pena e na esquina da rua Timbiras volte-se para a esquerda. Você verá uma imponente construção onde durante muitos anos funcionou a Escola Normal e hoje funciona o Instituto de Educação.
Vire à direita na Timbiras, siga em frente até a esquina com a rua Alagoas e faça uma pausa para descansar nos belos jardins da Igreja da Boa Viagem.
Aproveite para visitar o que restou da antiga capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, erguida ainda nos tempos do Curral del Rei, arraial que deu origem a Belo Horizonte. Trata-se de um lavatório em pedra-sabão protegido por um gradil, localizado nos jardins que dão para a rua Timbiras.
Depois vá caminhando até a esquina das ruas Timbiras e Sergipe e siga pela Timbiras até a avenida João Pinheiro. Atravesse a avenida, vire à esquerda e logo adiante você verá duas belas construções que traduzem bem a arquitetura de Belo Horizonte no início do século passado: os prédios onde funcionam hoje o Museu Mineiro e o Arquivo Público Mineiro.
Foto: Gabriel Castro
Continue subindo a João Pinheiro e logo à direita, na esquina de Aimorés, você estará diante de um dos trechos de rua mais agradáveis da cidade. O pavimento foi recentemente restaurado, procurando manter as características originais. Repare nas árvores, no casario. É como se voltássemos no tempo.
Continue pela João Pinheiro, passe em frente à Escola Estadual Afonso Pena e ao prédio do DETRAN, influência da arquitetura dos anos 60 e no final do quarteirão seguinte, à direita, veja outra intervenção interessante: uma casarão tradicional devidamente restaurado, que funciona como recepção de um moderno hotel construído nos fundos.
Mais alguns passos e você estará na praça da Liberdade, a mais europeia das praças brasileiras. A praça em si já é um cartão postal, com seu coreto, suas fontes, seus jardins sempre bem conservados e sua alameda central ornada de palmeiras imperiais.
Mas não deixe de apreciar o seu entorno, onde estão o Memorial Minas Gerais Vale, o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, o Espaço do Conhecimento UFMG, o futuro Centro de Informação ao Visitante, mais conhecido como “Rainha da Sucata” e o Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB,
que fazem parte do chamado Liberdade Circuito Cultural.
Destaque especial para o Palácio da Liberdade, residência oficial do governador do estado, que se descortina ao fundo da alameda central,
e para o Edifício Niemeyer, localizado na esquina da avenida Brasil, projeto do famoso arquiteto Oscar Niemeyer.
Do outro lado da praça está a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, também projetada por Niemeyer, onde se encontram as estátuas em bronze dos escritores e amigos Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos, que se auto intitularam “Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”.
Sente-se junto a estes personagens ilustres e aproveite para descansar um pouco. Depois, se quiser, estique um pouco mais a caminhada, descendo a avenida Cristovão Colombo em direção à Savassi.
Vale a pena! Lá você encontrará bares, restaurantes, cafeterias, livrarias e um comércio sofisticado, além de gente bonita circulando pelas ruas.