Domingo na Bernardo Monteiro

Era domingo. Uma bela manhã de domingo. No painel de instrumentos, implacável, o relógio exibia o adiantado da hora: dez e meia. Havíamos saído de casa, na Floresta, com o intuito de caminhar na Praça da Liberdade. Naquele horário, para quem foge de aglomeração, uma péssima escolha, não é mesmo? Mas quem sabe… Se tivéssemos sorte, bem. Se não, amém. Buscaríamos outra freguesia. Não foi necessário. Em frente ao Colégio Arnaldo, rendendo-se à magia da paisagem, o motorista voltou-se para a esposa e disse aqui é um bom lugar, você não acha? Ela achou. O lado direito da avenida Bernardo Monteiro entre Brasil e Afonso Pena, via de trânsito local, era só tranquilidade. Caminhamos junto à pista de bicicletas, na faixa destinada a estacionamento de veículos. Que estava praticamente vazia. De uma ponta a outra, 500 metros. Arborizados. Fomos e voltamos ao ponto de partida não sei quantas vezes. Não me preocupei com o desempenho. Fiz questão de mostrar à Lude, que ainda não havia caminhado por lá, os atrativos do lugar. O Colégio Arnaldo dispensa falatório. Restaurado há cinco anos, é um dos prédios históricos mais bonitos de Belo Horizonte. Mesmo entrevisto à sombra das árvores do canteiro central da avenida. Nas esquinas de Timbiras e Aimorés, sobrados típicos das primeiras décadas do século passado. O da esquina de Timbiras, mal conservado. O outro, felizmente, em bom estado de conservação. Testemunhos de época. Parede e meia com o sobrado da esquina de Aimorés, uma pequena taberna portuguesa especializada em “culinária de memórias”. Aguçou o nosso paladar. Visitaremos. Assim que os bons tempos voltarem. Na esquina de Bernardo Guimarães o destaque fica por conta do alargamento da calçada, que proporcionou a instalação de algumas jardineiras e do bem montado parklet que pode ser visto em frente a um restaurante italiano. Os sessentões que nem eu vão se lembrar. Onde encontra-se o restaurante, funcionou, na década de 70, um bar que celebrava o encontro da rua com a avenida de mesmo nome: Bernardinho-Bernardão. Criativo!  Finalmente, já quase na esquina de Afonso Pena, um contador de bicicletas. Isso mesmo. Um painel eletrônico que registra, em tempo real, quantas magrelas circulam pelo local diariamente. Bom pra ciclista. Que além de pista exclusiva ainda conta com este luxo adicional. Quem sabe algum dia os caminhantes também farão jus a uma pista exclusiva por lá? E nem precisa de contador eletrônico. Contentamo-nos com uma faixa sinalizada. Pra chamar de nossa.