A pracinha da Floresta

Sábado, 12 de dezembro. Sete da manhã. A praça Comendador Negrão de Lima estava praticamente deserta. Era tudo o que eu queria. Caminhar livremente, sem atropelar (e sem atrapalhar) ninguém. Mais conhecida como pracinha da Floresta, a praça Comendador Negrão de Lima justifica a alcunha. Tem apenas 80 de comprimento por 40 de largura. Caminhar por lá durante quase uma hora, como faço habitualmente, não é brincadeira. Por mais disciplinado que seja o cidadão. Entretanto, é uma das poucas áreas de lazer disponíveis aqui perto de casa, a melhor que tá tendo. Já me acostumei. Aprendi a conviver com a limitação de espaço. O que me incomoda, em determinados horários, é o excessivo número de frequentadores que o disputa. Por isso é que acordei tão cedo naquele sábado. E comprovei que o velho ditado Deus ajuda quem cedo madruga não falha. As normalmente agitadas ruas da vizinhança também estavam praticamente vazias e pude realizar antigo desejo: sair da zona de conforto e alargar os horizontes da minha caminhada. Aí foi o melhor dos mundos. Tirei a camisa para aproveitar o belo dia de sol e mandei ver: Santa Maria, Jacuí, Buarque de Macedo, Salinas, Dona Maria Inês. Ao invés dos 240 metros habituais, passei a contabilizar 600 em cada volta. Um ganho e tanto! Tamanha era a calmaria que cheguei a subir Jacuí passeando pelo meio da rua. Imagina só… E mais. Pude apreciar, com calma, os detalhes do caminho: o bem conservado casario da rua Santa Maria, o curioso jardinzinho espremido entre o muro e o 364 da Jacuí, o multicolorido das buganvílias esparramadas sobre a calçada da Buarque de Macedo. O casario da rua Santa Maria Não contei o número de voltas. Fiquei tão absorto que nem vi passar o tempo regulamentar. A última volta, desacelerando aos poucos, foi lá na pracinha mesmo. Que tem também os seus atrativos: casa em estilo mourisco, casa tipo chalé suíço, árvore de todo porte, caramanchão. Que nem cidade do interior. Só depois que cheguei em casa é que me lembrei. Naquele sábado, 12 de dezembro, Belo Horizonte comemorava seus 123 anos. E eu, mais um achado…