Alameda da Liberdade

O domingo prometia. Céu limpo, sol de primavera. Peguei o carro e segui em direção à Savassi. Minha ideia era caminhar por lá, já que nos domingos as duas pistas da avenida Getúlio Vargas entre as ruas Rio Grande do Norte e Alagoas são fechadas ao trânsito de veículos. Mas era dia de provas do ENEM e como nessas ocasiões as atividades de lazer nas ruas de BH costumam ser suspensas, mudei de ideia e fui caminhar na alameda em frente à Biblioteca Pública, que aqui vou chamar de Alameda da Liberdade (acho confusa a denominação “Praça da Liberdade” como consta nos mapas). O local é plano, bem arborizado. Do jeito que eu gosto. Estacionei em frente ao prédio do Comando Geral da Polícia Militar, que fica ao lado da Biblioteca, e comecei a caminhar no sentido horário. Nos jardins da Biblioteca Pública, a primeira surpresa: flagrei, dirigindo-se ao grupo formado por Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos outro grande escritor mineiro, Murilo Rubião. Calma pessoal. O Pirotécnico Zacarias não veio se juntar aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse de corpo e alma (os cinco já partiram desta). Eu me refiro às esculturas em homenagem aos ilustres escritores, criadas pelo artista plástico Leo Santana, expostas no local. Esculturas do artista plástico Leo Santana em frente à Biblioteca Pública – em primeiro plano a escultura do escritor Murilo Rubião (foto: José Walker) Justa homenagem, diga-se de passagem. Mas eu ainda tinha muito chão pela frente. Deixei a intelectualidade mineira em seu habitat e atravessei a rua. Do lado de lá, outra surpresa. Estão criando uma faixa de pedestres em calçamento poliédrico entre o portão de entrada do Palácio e a Praça da Liberdade. Não é exatamente a solução que eu imaginei (e já apresentei aqui no blog) para integrar palácio e praça, mas é um bom começo. Fui até lá. Conferi. Depois voltei à alameda da Biblioteca e segui rente ao gradil lateral do Palácio da Liberdade em direção à rua da Bahia. Apreciando de perto os belos jardins do Palácio. Privilégio de quem está sempre em busca de novas rotas de caminhada. Jardins do Palácio da Liberdade vistos da Alameda da Liberdade (foto: José Walker) Continuei em frente. Eu já não via o Palácio e sim o muro do Palácio. Uma pena! Poderiam ter estendido o gradil até mais adiante, de forma a não interromper a visão dos jardins. Mas nada é perfeito! Oxalá nada seja definitivo… Cheguei à Casa Fiat de Cultura. Dá pra ver, do lado de fora, o belo painel “Civilização Mineira” de Portinari. Criado em 1959, é o maior painel do artista em Minas Gerais (2,34 x 8,14 metros). Representa a mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte. Atravessei novamente a alameda e lá estava a Praça José Mendes Júnior. Homenagem ao fundador da Construtora Mendes Júnior, que já foi uma das maiores empresas de construção pesada do Brasil. Praça José Mendes Júnior (foto: José Walker) A praça ocupa uma pequena área em frente ao prédio do Comando Geral da Polícia Militar, mas é bastante convidativa. Tem equipamentos de ginástica e jardins bem cuidados. Pronto. Estava completa a primeira volta da caminhada. Depois foram mais 11 voltas até completar os 50 minutos de praxe. Numa dessas voltas vi de relance, correndo ao redor da Praça da Liberdade, uma jovem. Ela corria junto aos tapumes, de costas para o fluxo de veículos, colocando em risco a própria vida. E o que é pior, usava fones de ouvido! Não fiquei tranquilo enquanto não a abordei. Sugeri a ela que fosse correr em outro local ou pelo menos que o fizesse contra o fluxo de veículos. Sabem o que ela disse? “Você tem razão, vou terminar esta volta e depois faço isso”. Pode? Foto de abertura: Divulgação SouBH