Como a pasta de couro e outros apetrechos entraram nessa história de voltar do trabalho a pé
No artigo anterior eu explico como depois de tanto quebrar a cabeça acabei descobrindo a melhor maneira de fazer a minha caminhada diária. Agora vou contar mais alguns detalhes dessa história. Como vocês viram, não deu certo caminhar antes de ir para o trabalho… … nem depois de chegar em casa após a labuta. Também não deu certo ir de casa para o trabalho a pé e voltar de ônibus ou o contrário, ir de ônibus e voltar a pé. No primeiro caso eu transpirava muito e chegava suado ao trabalho, o que era bastante desagradável. No segundo caso eu tinha que transitar à noite em locais ermos e não me sentia seguro. O que deu certo foi voltar para casa fazendo um trajeto misto, caminhada + ônibus, já que a opção de utilizar o carro como meio de transporte estava fora de cogitação. Desta forma passei a caminhar mais à vontade, sem me preocupar com a transpiração. Hoje chego em casa, tomo banho e pronto. Quanto à escolha do itinerário tive um pouco mais de trabalho. Meu objetivo era caminhar por cerca de 50 minutos e ter certeza de que não pegaria ônibus lotado e nem ficaria esperando muito tempo no ponto de parada. Além disso eu queria passar por locais agradáveis, sem colocar em risco a minha segurança. Foram inúmeras tentativas até que acabei pegando o jeito. Mas além de vários trajetos, também experimentei diversas formas de tornar mais eficiente a minha caminhada. Neste sentido, um dos empecilhos que enfrentei desde o início foi como levar os papéis e outros pertences que sempre carrego comigo. Naquela época eu tinha uma pasta de couro com alça de mão e algumas divisões internas, e não pensei duas vezes: passei a andar com a pasta pra todo lado. Mas logo desisti da ideia, a pasta era mais pesada do que tudo o que havia lá dentro. Depois passei a usar aquele tipo de pasta que se ganha em seminários, simpósios e congressos. Durante algum tempo acreditei que havia encontrado a solução. O peso era bem menor e cabia tudo o que eu levava na pasta de couro. Mas logo notei que o uso de pastas com ou sem alça, de couro ou não, tinha um inconveniente. Tolhia os meus movimentos e todo mundo sabe que para se fazer uma boa caminhada é preciso liberdade de movimentos, principalmente o dos braços. Aí experimentei eliminar alguns pertences e levar somente o estritamente necessário, nos bolsos. Também não deu certo. Além de ficar mais vulnerável a assaltos, sempre havia algo que não cabia nos bolsos e eu tinha que me virar com alguma sacola ou envelope de papel. Era como desvestir um santo para vestir outro. Até que um dia vi o meu cardiologista – um sujeito sisudo – voltando a pé do trabalho, mochila nas costas. Lépido como uma lebre. Então fui logo pensando, porque não experimentar a mochila? E comprei uma bem leve, para carregar o estritamente necessário. Agora caminho a passos largos e em ritmo acelerado, como manda o figurino, como sempre quis. E o melhor, mantendo a postura correta. Mas ainda existe outro apetrecho que não dispenso. É o abafador de ruídos, aquele pequeno cilindro de espuma que se introduz nos ouvidos. Afinal, quem nunca se irritou com sirene de ambulância ou carro de polícia querendo passar por cima de todo mundo em dia de trânsito congestionado? E mais ainda, com a sinfonia de buzinas que se segue, como se os que estão à frente fossem surdos ou não quisessem dar passagem? É claro que mesmo usando o abafador continuo ouvindo as sirenes, buzinas e outros ruídos urbanos, só que esses ruídos chegam amortecidos aos meus ouvidos. E não podia ser diferente, não é mesmo? Afinal, o nome diz tudo: abafador de ruídos. Mas ainda havia outra questão a resolver, a do calçado. O melhor é o tênis, evidentemente. Mas no caso de quem usa calça e camisa social para trabalhar, como eu, não fica bem, não é mesmo? E sabem como resolvi a questão? Passei a usar sapato do tipo social com solado de borracha flexível, um achado. O que estou usando atualmente é o quarto par da mesma marca que comprei nos últimos anos. Mas já estou pensando em levar um tênis na mochila. Minha próxima meta é ir para o trabalho de sapato social e voltar para casa de tênis.