Eu era muito pequeno, mas ainda me lembro do tempo em que pegava o bonde na rua Caetés para ir à missa no bairro Floresta com meus pais. Do tempo em que as árvores cobriam a Afonso Pena… Dos bons tempos em que o divertimento da garotada eram as gangorras e escorregadores, a roda gigante e os brinquedos do Parque Municipal. Linha nº 4, uma das primeiras linhas de bonde de Belo Horizonte (crédito: Google imagens) Dos antigos carnavais dos blocos caricatos: Bocas Brancas da Floresta, Domésticas de Lourdes, Imigrantes da Abissínia, Leões da Lagoinha, Cacarecos do Santa Efigênia, Aflitos do Anchieta, Demônios do Calafate e por aí afora. Saudade! “Bocas Brancas da Floresta” em um dos carnavais de antigamente (Crédito: Jornal da Floresta) Sou do tempo em que a cidade era pequena e quase tudo se fazia a pé ou de ônibus. E a pé ou de ônibus fiz o ginásio no Estadual da Serra, o científico no Estadual Central e a o curso de engenharia na UFMG. Não sei se naquela época eu já tinha noção da importância de praticar exercícios físicos ou se era por economia mesmo, mas o fato é que caminhava bastante. E como nunca gostei de correr ou de fazer academia, continuo caminhando até hoje, aos 61 anos de idade. É uma opção de vida. Deixo o carro em casa e faço a minha caminhada diária, ciente de que estou contribuindo com o trânsito, ajudando a preservar o meio ambiente e, de quebra, cuidando da saúde. Mas até pegar o jeito não foi fácil! Houve época em que eu me levantava cedo e caminhava antes de ir para o trabalho. Durou pouco tempo, pois além de madrugar eu acabava pegando o ônibus no pior horário e já começava o dia estressado. Também experimentei caminhar à noite, depois de voltar pra casa após o trabalho, mas não deu certo. Sempre havia algo a fazer antes da caminhada e eu acabava desistindo. Depois experimentei diversas formas de incluir a caminhada nos meus deslocamentos de ida para o trabalho e de volta para casa. Já fui a pé e voltei de ônibus, já fui de ônibus e voltei a pé. Também não deu certo. Houve época em que eu saia do trabalho, descia a pé até as imediações da Praça da Liberdade e tomava o ônibus na João Pinheiro. Ou seguia Getúlio Vargas até a esquina de Ouro, onde tomava outro ônibus. Em ambos os casos eu esperava muito tempo no ponto e ainda pegava ônibus lotado. Além de chegar tarde em casa, eu chegava moído. Ônibus de Belo Horizonte em horário de pico (crédito: Google imagens) Agora peguei o jeito! Saio do trabalho, sigo Getúlio Vargas até Afonso Pena e na sequência pego Ceará, Brasil e Maranhão até chegar ao “Hospital Militar-1”, ponto de parada de ônibus na Contorno. Dali eu tomo o “Circular” em direção ao bairro Floresta e ainda caminho 800 metros até o prédio onde moro. No total são 4.500 metros de caminhada a passos largos e em ritmo acelerado. E porque fiz esta escolha? Porque passo pela Savassi, uma das regiões mais agradáveis da cidade e caminho quase todo o tempo em terreno plano. E também porque descobri que o “Hospital Militar-1” é um ponto de parada estratégico em relação ao metrô: lá os ônibus chegam lotados e se esvaziam rapidamente. Mas se eu morasse no Eldorado ou em Venda Nova, por exemplo, faria o mesmo trajeto a pé e pegaria o metrô na Estação Santa Efigênia, que fica logo atrás do Hospital Militar. E você, já pensou em deixar o carro ou a moto na garagem e fazer uma experiência deste tipo? Se ainda não pensou, considere a possibilidade. Talvez você tenha que fazer algumas tentativas, mas não desista. Até pegar o jeito…
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