Acompanhando a trajetória dos moradores de Belo Horizonte
Este roteiro começa no bairro Funcionários, assim chamado porque abrigou os primeiros trabalhadores que chegaram a Belo Horizonte no limiar do século XIX para erguer aquela que seria a nova capital de Minas Gerais, em substituição a Ouro Preto.
O ponto de partida é a Escola Estadual Pedro II, que funciona em uma bela construção da primeira metade do século passado, na avenida Alfredo Balena.
O prédio, em estilo barroco com predominância do rococó, foi totalmente restaurado em 2010.
Siga pela Alfredo Balena até a rua Rio Grande do Norte. Vire à direita e continue em frente, ladeando o muro da escola. Chegando à esquina dirija-se à avenida Pasteur, que tem uma particularidade: é a menor avenida de Belo Horizonte, com apenas 120 metros de extensão.
Vá caminhando pelo canteiro central da Pasteur em direção à avenida Brasil. Ao chegar à esquina, observe a arborização, especialmente os enormes “fícus” da avenida Bernardo Monteiro.
Atravesse a avenida Brasil e você estará diante de um dos colégios mais tradicionais de Belo Horizonte, o Colégio Arnaldo, fundado em 1912.
Colégio Arnaldo – Foto: Frieda Keifer
Observe a imponência da construção, cujas fachadas principais se estendem pelas avenidas Bernardo Monteiro e Carandaí. Destaque para a torre principal, com mais de 30 metros de altura e as outras 8 torres que delimitam a construção.
Agora siga pela bem arborizada e tranquila avenida Bernardo Monteiro, vire à direita na rua Aimorés e continue até a rua Rio Grande do Norte. Nesta esquina, observe três construções interessantes. O prédio de dois pavimentos onde funciona o Museu Militar Mineiro e a casa que abriga uma loja de roupas, ambas do início do século passado, e uma residência da década de 50, com um pequeno jardim frontal.
Vire à esquerda na Rio Grande do Norte e observe mais duas construções antigas, bem conservadas. À esquerda, servindo de entrada para um prédio construído aos fundos, uma casa com varanda e porão, e à direita, já na esquina com a avenida Afonso Pena, rente à rua, outra casa da mesma época.
Atravesse a Afonso Pena e siga do outro lado da avenida em direção ao centro. A 50 metros da esquina, observe as linhas de um palacete da década de 20, com suas duas colunas frontais e sua bela escada em mármore.
Na próxima esquina você verá a estátua de Tiradentes e a praça de mesmo nome, também conhecida como Praça 21 de Abril.
Você está na região das torres de vidro, construções modernas cujas fachadas em vidro se destacam na paisagem. Vire à esquerda na rua Paraíba e siga em frente.
Na esquina com a rua Bernardo Guimarães você verá uma casa de dois pavimentos onde funciona o Consulado da Índia. A casa, apesar de imponente, não tem nenhum atrativo especial. O que chama a atenção de quem passa por ali é um interessante veículo exposto no jardim frontal: um legítimo tuc-tuc.
Agora atravesse a rua Bernardo Guimarães e siga a rua Paraíba até a rua Gonçalves Dias, onde se encontra a Escola de Arquitetura da UFMG, uma das poucas que ainda não foram transferidas para o campus da universidade, localizado na Pampulha.
Vire à direita e siga pela Gonçalves Dias até a rua Pernambuco. Tome Pernambuco à esquerda e logo adiante, do lado esquerdo, você verá uma pequena casa bem conservada. Trata-se de uma construção típica do início do século passado, com três janelas frontais e entrada lateral pela varanda. Esta casa, provavelmente, foi residência de “funcionários” que deram nome ao bairro. Observe também, ao nível da rua, três janelas menores, que indicam a existência de um porão, muito comum nas residências daquela época.
Continue pela rua Pernambuco até a esquina da rua Cláudio Manoel, onde você verá duas outras construções antigas. A do lado esquerdo, bem conservada embora um pouco descaracterizada em relação ao que foi originalmente e a da direita, igualmente bem conservada, mas mantendo suas características originais. Nesta última, observe as janelas frontais, as varandas laterais e o porão, tais como as da casa vizinha descrita anteriormente, só que em número maior. Provavelmente aqui residia funcionário mais graduado.
Siga pela Pernambuco e vire à direita na rua Santa Rita Durão. Logo à frente, à direita, mais uma construção antiga com as mesmas características já descritas. Observe o charme da varanda lateral.
Continue em frente pela bem arborizada Santa Rita Durão e cruze as ruas Alagoas e Sergipe. No último trecho da Santa Rita Durão você se surpreenderá com a sequência de belos casarões remanescentes da época da construção da capital.
Vire à esquerda na Cristovão Colombo e admire mais duas imponentes construções dos primórdios da capital. A da esquina, que abrigou durante muito tempo a Secretaria de Estado da Cultura e mais adiante, ao seu lado, o chamado Palacete Dantas, que data de 1915.
Daí em diante você estará penetrando na Savassi, uma das regiões mais famosas de Belo Horizonte. Mas vamos deixar a Savassi para um outro roteiro e fazer meia volta em direção à Praça da Liberdade.
Atravesse a Santa Rita Durão e observe um prédio acinzentado a sua direita. É o Palácio Cristo Rei, sede do arcebispado de Belo Horizonte.
Atravesse a avenida Cristovão Colombo e siga em frente até o meio do quarteirão. Você está diante do portão de entrada de uma belíssima construção, cercada de imenso jardim. Trata-se do Palácio da Liberdade,
residência oficial do governador do Estado. Agora, volte-se para o outro lado e segure a respiração. Eis a mais europeia das praças brasileiras, a Praça da Liberdade.
Mas a Praça da Liberdade é uma história à parte (ver o roteiro “Da Praça 7 à Praça da Liberdade – Um passeio pela história de Belo Horizonte”). Vamos deixá-la de lado por enquanto, seguir em frente ladeando o gradil do Palácio e virar à esquerda.
Um pouco adiante você estará diante de um prédio de quatro pavimentos com brises de aluminio na fachada. Trata-se da Casa Fiat de Cultura, o mais novo espaço do circuito cultural da Praça da Liberdade.
Aprecie a beleza das árvores cujas copas se encontram e, se tiver um tempinho, dê um pulo até a Praça José Mendes Júnior, que fica do outro lado da rua.
Agora tome a rua da Bahia à esquerda. Você está entrando no bairro de Lourdes, um dos mais nobres da capital. Atravesse a rua e você estará diante de um dos clubes mais tradicionais da cidade, o Minas Tênis Clube. Chegue próximo à cortina de vidro que delimita as dependências do clube e observe o verde dos jardins, a piscina olímpica, a excelente estrutura de que dispõem os sócios.
Ainda na rua da Bahia você verá os recém-inaugurados Teatro Bradesco e Centro Cultural Minas Tênis Clube e mais adiante, do outro lado da rua, um casarão de meados do século passado. Observe o estilo da construção, a simetria das formas.
Vire à direita na rua Antônio de Albuquerque e continue em frente. Atravesse as ruas Espírito Santo e Rio de Janeiro. Você chegou ao Colégio Estadual Governador Milton Campos, ou simplesmente Colégio Estadual, que se destaca pela arquitetura singular. O bloco principal representa uma régua, o auditório um mata-borrão, a caixa d’água um giz e a cantina uma borracha. Mais um legado de Niemeyer.
Chegamos ao final do roteiro. Foram 3.200 metros de caminhada, mas se você quiser esticar mais um pouco, vire à direita e vá descendo a rua Rio de Janeiro, onde se encontram alguns dos prédios mais luxuosos e algumas das lojas mais sofisticadas da cidade.